Complementarmente ao perfil transversal básico e à geometria de traçado exigidos para a circulação de veículos, a maioria dos túneis dispõe de infraestruturas específicas para responder às exigências da exploração/operação e de segurança do ambiente do túnel.
As saídas de emergência são disponibilizadas em todos os túneis, exceto nos mais curtos, de forma a permitir que os utentes dos túneis procedam à evacuação, a pé, do espaço reservado à circulação, para um sítio seguro. Na Secção Saídas de emergência são apresentados os diferentes tipos de saídas de emergência para peões. Estas saídas incluem interligações e passagens entre tubos, refúgios em que os utentes possam estar em segurança durante uma emergência, e galerias de segurança (passagens) construídas ao longo dos tubos de circulação rodoviária ou sob a faixa de rodagem e ligadas ao exterior.
Na Secção Infraestruturas para os veículos são apresentadas as infraestruturas destinadas aos veículos. Estas infraestruturas incluem áreas de estacionamento, galerias de viragem, bem como galerias que permitem a passagem de veículos de um tubo para outro. Estas infraestruturas têm como função fazer face a situações como avarias de veículos ou permitir que os veículos façam meia volta ou passem para um tubo adjacente, o que poderá ser útil no caso das obras de manutenção, para as manobras de veículos de emergência durante um incidente ou para a gestão de tráfego na sequência de um acidente.
A Secção Nichos de segurança aborda os aspetos relativos à geometria dos nichos de segurança, situados em intervalos regulares ao longo das paredes do túnel. Estes nichos e refúgios permitem que os ocupantes de um veículo avariado se afastem da faixa de rodagem e minimizem o risco de serem atingidos pelos veículos em circulação.
As obras de drenagem são importantes para minimizar a dimensão de poças que de outra forma se poderiam formar pelo eventual derrame do conteúdo de um camião cisterna ou durante a operação de rotina de lavagem das paredes. Na eventualidade de um derrame de líquidos inflamáveis, o sistema de drenagem pode ter um impacto importante na dimensão do incêndio que possa daí resultar. A Secção Drenagem nos túneis descreve outras infraestruturas que podem ser disponibilizadas no interior ou nos portais dos túneis.
A Secção Outras infraestruturas descreve outras infraestruturas que podem ser disponibilizadas no interior ou nos portais dos túneis.
Este Capítulo foi escrito por Robin Hall (Reino Unido).
Maria Dourado e Leonor Silva (Instituto da Mobilidade e dos Transportes, Portugal) efetuaram a tradução para português e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (Portugal) verificou e validou a tradução.
As saídas de emergência são disponibilizadas em todos os túneis, exceto nos mais curtos, de forma a permitir que, numa emergência, os utentes dos túneis procedam à evacuação, a pé, do espaço reservado à circulação, para um sítio seguro. Nos túneis mais curtos, os portais do túnel desempenham esta função de saída de emergência. Na maioria dos túneis são necessárias saídas de emergência adicionais, de forma a limitar a distância que os utentes dos túneis têm de percorrer até atingir um local seguro.
As saídas de emergência podem ser disponibilizadas de diversas formas, entre as quais:
A figura 7.1-1 mostra o padrão de evacuação típico num túnel unidirecional, com ventilação longitudinal.
Fig. 7.1-1 : Padrão de evacuação típico num túnel unidirecional com ventilação longitudinal
A distância adequada entre saídas de emergência depende:
Fig. 7.1-2 : Saída de emergência (Túnel de Mont Blanc: França - Itália)
Considera-se que os seguintes princípios são importantes, a nível da conceção:
A figure 7.1-2 mostra um exemplo de conceção de uma saída de emergência.
O Relatório Técnico 1999 05.05.B "Controlo dos incêndios e do fumo em túneis rodoviários" e, mais detalhadamente, o mais recente Relatório Técnico 2007 05.16.B "Sistemas e equipamentos para o controlo dos incêndios e do fumo em túneis rodoviários" contêm mais informação sobre as saídas de emergência.
A grande maioria dos túneis rodoviários não estão equipados com via de emergência para veículos. Isto poderá aumentar a probabilidade de ocorrência de engarrafamentos – em função da intensidade de tráfego, da presença de veículos avariados ou de outros problemas que possam fazer os condutores parar. De acordo com as estatísticas alemãs e francesas, os túneis sem vias de emergência são menos seguros do que os túneis com vias de emergência (ver Relatório Técnico 2008R17: " Fatores humanos e segurança rodoviária nos túneis do ponto de vista dos utentes).
As áreas de estacionamento permitem que os veículos possam parar num túnel sem bloquear a faixa de rodagem, reduzindo as perturbações ao tráfego e o risco de colisão. Numa área de estacionamento é mais fácil e seguro para os ocupantes saírem do veículo por exemplo para utilizarem um telefone de emergência. A proteção em relação ao tráfego pode ser particularmente benéfica para os condutores com mobilidade reduzida. As áreas de estacionamento são, também, muito importantes para a manutenção do túnel e para propiciar o estacionamento seguro dos veículos associados à manutenção.
A distância entre áreas de estacionamento varia de túnel para túnel. Nalguns normativos nacionais estas distâncias dependem da classificação das estradas em que os túneis se inserem. O Relatório Técnico 1995 05.04.B "Segurança rodoviária em túneis " refere que a taxa de utilização destas áreas é, geralmente, baixa. Em túneis equipados com áreas de estacionamento, apenas 20% dos veículos avariados parou numa área de estacionamento. Foram efetuadas recomendações com vista à melhoria desta situação.
Fig. 7.2-1 : Example of turning gallery
Em túneis maiores, podem ser disponibilizados meios que permitam que os veículos invertam a marcha ou passem para um tubo adjacente. Estes meios são particularmente úteis para operações de manutenção, para manobras de veículos de emergência durante um incidente ou para a gestão do tráfego na sequência de um incidente. Especificamente, alguns países disponibilizam galerias de viragem para veículos, dado que, apesar dos veículos ligeiros e ligeiros de mercadorias conseguirem virar facilmente em estacionamentos normais, os veículos pesados de mercadorias e os autocarros exigem mais espaço. Estas galerias de viragem têm, habitualmente, uma largura de 4 m por 17 m de profundidade podendo ser maiores (ver o Relatório Técnico 1999 05.05.B: " Controlo dos incêndio e do fumo em túneis rodoviários" ). O espaço entre estas áreas, quando existam, deve ser entre 1 a 2 quilómetros.
A maioria dos túneis rodoviários dispõe de postos de emergência, implantados a intervalos regulares ao longo da sua extensão, equipados habitualmente com telefones de emergência e com extintores de incêndio portáteis (e, por vezes, com mangueiras de incêndio), para uso dos utentes dos túneis em caso de avaria ou de incidente.
A conceção destes postos de emergência e a respetiva implantação são muito variáveis, desde simples caixas fixas à parede do túnel, até nichos ou salas, com ou sem portas a separar dos tubos em que se verifica a circulação automóvel. Os nichos permitem que os ocupantes dos veículos avariados se afastem da faixa de rodagem e minimizam o risco de estes serem atingidos pelos veículos em circulação.
De forma a evitar a sensação de claustrofobia no interior de postos de emergência fechados, recomenda-se a colocação de portas transparentes adequadas. Uma boa alternativa para se evitarem portas e se garantir uma boa comunicação por voz, consiste na adoção de tecnologia de cancelamento de ruído.
O Relatório Técnico 2008R17: " Fatores humanos e segurança rodoviária nos túneis do ponto de vista dos utentes" aborda os fatores humanos associados à conceção destas infraestruturas, que devem ser perfeitamente visíveis e identificáveis através de uma sinalização clara.
Os equipamentos disponibilizados nos nichos de segurança são apresentados de forma detalhada no Equipamentos e sistemas.
Fig. 7.4-1: Exemplo de um poço de drenagem e bombas num túnel
Os túneis rodoviários são equipados com um sistema de drenagem concebido para recolher as águas de superfície dos portais, a infiltração de águas subterrâneas através do revestimento, a água de lavagem das paredes, os derrames dos camiões cisterna e a água de combate aos incêndios.
Nos casos em que é permitido o transporte de mercadorias perigosas, a drenagem de líquidos inflamáveis e tóxicos constitui uma preocupação relevante. A drenagem é importante para a redução da dimensão de poças que, de outra forma, se formariam com a ocorrência de derrame do conteúdo de um camião cisterna. No caso de derrame de líquido inflamável, o sistema de drenagem pode ter um impacto importante na dimensão do incêndio que possa daí resultar.
Os sistemas de drenagem são compostos tipicamente por sarjetas, canais, condutas, poços de drenagem e bombas, separadores de óleos/água e sistemas de controlo para a recolha, armazenamento, separação e depósito de efluentes que, de outra forma, seriam recolhidos na estrada. Algumas autoridades especificam a utilização de caleiras de ranhura de forma a maximizar o desempenho do sistema de drenagem. Os poços de drenagem e as bombas são, em geral, instalados nos portais e nos pontos baixos.
O impacto da água na construção e na operação dos túneis é abordado na Impacto sobre a água.
Podem ser disponibilizadas outras estruturas dentro dos túneis ou nos portais, conforme se descreve de seguida.
Fig. 7.5.1-1 : Exemplo de um nicho de emergência
Podem estar associados aos nichos de segurança, que contêm telefones de emergência e extintores de incêndio portáteis, conforme referido na Secção Nichos de segurança.
Fig. 7.5.2-1 : Exemplo de uma sala técnica de um túnel
A conceção e o dimensionamento das salas técnicas seguem os mesmos princípios que o dimensionamento das salas técnicas em edifícios de serviços. Por exemplo, é necessário espaço para permitir a abertura das portas dos armários e para se aceder aos quadros elétricos/interruptores. É importante salvaguardar as passagens de cabos e os raios de curvatura, o que pode ser mais complicado, em comparação com os edifícios no exterior, devido às restrições de construção e de espaço num túnel.
Deve ser dada uma atenção especial à segurança do acesso às salas técnicas dos túneis.
Em geral, só é possível um acesso em condições de segurança quando o túnel está encerrado. Nalguns túneis podem ser disponibilizadas áreas de estacionamento adjacentes às salas técnicas, para permitir uma paragem dos veículos da manutenção em segurança, mesmo sem o encerramento do túnel.
Entre o portal de saída de um tubo e o portal de entrada de outro tubo (no caso de dois tubos unidirecionais em utilização) pode ter lugar uma recirculação substancial de ar. A importância desta recirculação depende das condições locais e da direção do vento. Verifica-se um problema semelhante nos túneis com ventilação semi transversal entre o portal de saída e a entrada de ar fresco.
Em túneis de pequena extensão, com ventilação natural, este aspeto pode não constituir um problema, mas em túneis com maior extensão este efeito de recirculação deve ser reduzido através do desenvolvimento de uma obra anti reciclagem do fumo. Tal obra (muitas vezes sob a forma de uma parede divisória) poderá ter de se estender até aproximadamente 20 a 40 m do portal, em função das circunstâncias. A Secção IV.2.3 "Recirculação " do relatório 1995 05.02.B "Emissões, ambiente, ventilação em túneis rodoviários" contém informação mais detalhada sobre este assunto.