A primeira parte do Manual considera aspetos gerais dos túneis rodoviários.
O capítulo Questões Estratégicas apresenta os principais elementos estratégicos que qualquer decisor deve ter em conta antes de tomar uma decisão sobre a escolha ou o projeto de um túnel. Este capítulo é dirigido particularmente para os decisores e para os projetistas de países que estão a começar a empreender a construção ou renovação significativa de um túnel.
O capítulo Segurança lida com o tema crucial da segurança nos túneis. Em particular, considera os métodos de análise de risco.
O capítulo Fatores Humanos Relativos à Segurança em Túneis considera os aspetos humanos que afetam a operação dos túneis rodoviários. Os incêndios graves em 1999 e 2000 confirmaram quão importante é ter o comportamento humano em consideração na fase de conceção.
O capítulo Operação e Manutenção examina a gestão e a manutenção dos túneis para as quais a durabilidade é uma das principais preocupações, para além da segurança.
O capítulo Aspetos Ambientais Relacionados com a Operação lida com as questões ambientais da operação dos túneis rodoviários, não só em termos de poluição do ar, mas também de ruído e de poluição da água.
Os túneis, concebidos inicialmente para transpor um obstáculo (em geral uma montanha), têm vindo a tornar-se cada vez mais complexos, nos últimos anos, incorporando equipamentos (incluindo sistemas de ventilação) e métodos de exploração de complexidade crescente. Esta exploração inclui a implementação de sistemas de controlo e de supervisão capazes de tratar dezenas de milhares de itens a controlar e de lidar com ambientes de gestão cada vez mais sofisticados.
Figure 1.0 : Incêndio do túnel de São Gotardo
Na sequência das catástrofes dos túneis do Monte Branco, Tauern e Gotardo em 1999 e 2001, foi reforçada a necessidade de serem tidos em consideração todos os aspetos relativos à segurança no seu conjunto. Tal facto conduziu à integração, logo desde a fase de projeto, de especificações mais restritivas, que têm um impacto importante a nível da engenharia civil e dos equipamentos específicos requeridos para túneis.
Em geral, os túneis são considerados obras “dispendiosas e com riscos”, tanto na fase de construção como na fase de exploração. Esta “imagem” torna alguns países muito relutantes quando ponderam a construção de um primeiro túnel para a respetiva rede rodoviária ou ferroviária.
Com vista a ultrapassar tal relutância, torna-se, portanto, cada vez mais necessário dominar o conhecimento dos custos de construção e exploração, do controlo dos riscos (principalmente durante a fase de construção), da minimização dos acidentes ou incêndios durante a exploração e da otimização das estruturas do túnel em cada uma das fases de projeto, construção e exploração. Este controlo de riscos e custos é particularmente premente dados os atuais formatos de contratação e financiamento da construção de túneis, que recorrem cada vez mais à utilização de modelos de “Concessão”, “Conceção/Construção” ou “Parceria Público-Privada”.
O capítulo Questões estratégicas deste Manual tem por objetivos:
O Capítulo não pretende constituir um manual detalhado das ações exigidas aos responsáveis pelos túneis, ou das disposições técnicas a adotar pelos projetistas ou das tarefas a desempenhar pelos operadores para assegurarem a segurança e conforto nos túneis. Em particular, o Capítulo 1 não tem como objetivo ser um manual de projeto. O único objetivo deste capítulo consiste em sensibilizar o leitor para determinadas questões, de forma a facilitar a abordagem e compreensão deste domínio complexo, com a expetativa de lhe permitir evitar muitos erros possíveis associados à exploração de túneis e de lhe permitir aperceber-se das possibilidades de otimização.
A Secção Um túnel é um sistema complexo apresenta o “sistema complexo” que o túnel constitui e enumera os principais interfaces dos subconjuntos Engenharia Civil, Ventilação e Segurança;
A Secção Projeto geral de um túnel (túnel novo) apresenta os elementos fundamentais que devem ser considerados na elaboração do projeto de um túnel;
A Secção Renovação – melhoria dos túneis existentes diz respeito à renovação e reabilitação de túneis existentes e em exploração;
A Secção Etapas da “vida” de um túnel analisa as várias fases do ciclo de construção e do ciclo de vida e sublinha as ações chave em cada uma destas fases;
A Secção Custos de construção, operação, modernização – aspetos financeiros clarifica questões relativas aos custos de construção, exploração e renovação, bem como as principais questões específicas dos modos de financiamento;
A Secção Regulamentações - Recomendações descreve as principais recomendações, instruções e regulamentações publicadas por uma série de países na Europa e no resto do mundo.
A secção Redes Viárias Subterrâneas Complexas é um estudo de casos de túneis complexos e apresenta numerosas monografias.
Este documento foi redigido por Bernard Falconnat (Egis, França), representante francês no Comité de Exploração de Túneis Rodoviários e membro do Grupo de Trabalho 5.
A versão original, em francês, foi revista por Didier Lacroix (França) e Willy De Lathauwer (Bélgica – representante da ITA no comité).
A versão em inglês foi revista por Lucy Rew (Egis, França) e Fathi Tarada (Reino Unido).
Maria Dourado e Leonor Silva (Instituto da Mobilidade e dos Transportes, Portugal) efetuaram a tradução para português e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (Portugal) verificou e validou a tradução.
Um túnel constitui um “sistema complexo”, resultado da interação de um número elevado de parâmetros. Estes parâmetros podem ser agrupados em subconjuntos. No gráfico abaixo (fig. 1.1-1) estão representados os principais subconjuntos.
Todos estes parâmetros são variáveis e interativos, dentro de cada subconjunto, e entre os vários subconjuntos.
A ponderação relativa dos parâmetros e o seu caráter variam de acordo com a natureza de cada túnel. Por exemplo:
Fig. 1.1-1: Esquema dos principais subconjuntos do "complexo sistema de um túnel"
Nota 1: as ligações são múltiplas e frequentemente reversíveis – o conceito geral do túnel e a secção funcional estão posicionadas no centro da figura. Podem ser concebidos diagramas similares posicionando outros fatores no centro da figura.
Note 2: o primeiro círculo representa os “domínios técnicos”. Alguns domínios abrangem vários aspetos:
Nota 3: o segundo círculo representa o “contexto” em que o projeto será desenvolvido. Alguns elementos abrangem vários aspetos:
O projeto de um novo túnel (ou a reabilitação e beneficiação de um túnel existente) exige a consideração de um grande número de parâmetros. A árvore de decisão referente a estes parâmetros é complexa, e requer interventores pluridisciplinares com grande experiência. A sua intervenção deve iniciar-se o mais cedo possível, pelas seguintes razões:
Cada túnel é único e é necessário desenvolver uma análise específica adaptada a todas as condições específicas e particulares. Esta análise é fundamental para a obtenção das respostas apropriadas e para permitir:
Não existe uma “solução mágica”, e um simples processo de “corte e colagem” é quase sempre inadequado.
O projeto e a otimização de um túnel requerem:
Nos parágrafos que se seguem são enunciados vários exemplos que demonstram a complexidade, a interatividade bem como o caráter iterativo e “circular” da análise.
Estes exemplos não são exaustivos. Têm como único objetivo sensibilizar o leitor para as matérias e permitir focar as reflexões especificamente em cada túnel.
O quadro 1.1-2 abaixo apresenta, a título exemplificativo, os principais parâmetros relativos aos aspetos referentes à engenharia civil:
Quadro 1.1-2 : Principais parâmetros referentes a engenharia civil
As interações entre parâmetros são numerosas e frequentemente ligadas por ligações circulares, tendo em consideração as sobreposições entre os vários parâmetros.
O exemplo abaixo (Quadro 1.1-3) refere-se às interações entre a ventilação, o perfil transversal e a segurança:
A figura revela diversos parâmetros comuns a várias colunas (ver linhas) que criam interações circulares entre vários subconjuntos de parâmetros. Estas interações relacionam-se através de funções complexas, tornando praticamente impossível uma resolução puramente matemática do problema, pelo que tal resolução requer a definição de uma hierarquia entre os vários parâmetros, seguida da consideração de hipóteses para os parâmetros de hierarquia superior. Esta hierarquia difere de um projeto para outro, como se exemplifica:
O processo de resolução é iterativo e assente num primeiro conjunto de hipóteses, como os exemplos anteriores mostram. Este processo requer grande experiência transversal e multidisciplinar por parte dos engenheiros, que possibilite que sejam tidos em consideração os aspetos relevantes do projeto, com vista a obter uma melhor seleção das iterações sucessivas e a garantir a melhor otimização do projeto, de acordo com o nível de serviço e de segurança exigidos.
O quadro 1.1-4 apresenta um exemplo dos principais parâmetros referentes aos aspetos relativos à ventilação. Este quadro não é exaustivo.
Tal como no que se refere à “engenharia civil”, as interações entre parâmetros são numerosas. Os parâmetros estão também sujeitos a relações circulares.
O modo de resolução dos problemas é semelhante ao delineado acima para a "engenharia civil".
Quadro 1.1-4 : Principais parâmetros que influenciam a ventilação
Estes parâmetros não constituem parâmetros fundamentais para a definição da secção funcional, com exceção de:
Os "Equipamentos de exploração" constituem, por seu turno, parâmetros essenciais para o dimensionamento dos edifícios técnicos nos portais de entrada, de postos de transformação subterrâneos, do conjunto de espaços técnicos subterrâneos e dos diversos nichos. Frequentemente necessitam de disposições específicas no que se refere à temperatura, à climatização e à qualidade do ar.
Constituem, igualmente, parâmetros importantes em termos do custo de construção, exploração e manutenção.
Os "equipamentos de exploração" constituem parâmetros essenciais no que se refere à segurança nos túneis. Devem ser projetados, construídos e conservados tendo em atenção os seguintes objetivos:
Fig. 1.1-5 : Fatores que afetam a segurança
As condições de segurança num túnel resultam de muitos fatores, tal como apresentado no capítulo 2 deste Manual. Para garantir as condições de segurança, é necessário tomar em consideração todos os aspetos do sistema constituído pela própria infraestrutura, bem como a sua exploração e intervenção, veículos e utentes (Fig. 1.1-5).
A infraestrutura é um parâmetro essencial do custo de construção. Contudo, se as seguintes disposições essenciais não forem tidas em consideração em paralelo, é possível investir massivamente na infraestrutura sem melhorar as condições de segurança:
Os parâmetros relativos à segurança podem afetar o projeto de um túnel em maior ou menor grau. Nos quadros abaixo são apresentados alguns exemplos.
Nota: Os quatro quadros abaixo referem-se aos quatro campos principais representados na Fig. 1.1-5.
A coluna 3 especifica as principais razões ou causas de influência.
Um túnel constitui um “sistema complexo”, pelo que se pode concluir especificamente que:
A abordagem parcial dos problemas é, infelizmente, ainda bastante frequente, devido à ausência de uma “cultura de túneis” suficiente por parte dos vários intervenientes na fase de conceção.
O domínio deste sistema complexo é difícil mas essencial, de forma a:
De forma paralela, o controlo deste sistema complexo contribui frequentemente para a otimização técnica e financeira do projeto, definindo claramente e desde uma fase inicial as funções a assegurar e suportadas num processo de «engenharia de valor».
A tomada em consideração, desde o início do projeto, das principais questões relativas:
constitui uma abordagem eficaz para a resolução desta equação complexa.
A secção 1.2 refere-se ao projeto de novos túneis. Os estudos relativos à reabilitação e melhoria de segurança de túneis em exploração são apresentados na Secção Renovação – Melhoria
A conceção do traçado em planta e em perfil longitudinal de um troço de estrada ou autoestrada que inclua um túnel constitui a primeira fase fundamental na criação de um novo túnel, à qual raramente se concede a atenção suficiente.
A consideração de um túnel como um “sistema complexo” tem de ter início na fase primordial da conceção do traçado geral, o que raramente se verifica. É, contudo, nesta fase que as otimizações técnicas e financeiras se revestem de maior importância.
É essencial mobilizar, desde a fase inicial do projeto, uma equipa multidisciplinar constituída por especialistas e projetistas muito experientes, capazes de identificar todos os problemas potenciais do projeto, não obstante as informações preliminares serem inevitavelmente incompletas. Esta equipa terá de ter capacidade para tomar boas decisões face às escolhas essenciais e para, posteriormente, consolidar estes elementos de forma progressiva e à medida que a informação adicional seja disponibilizada.
O objetivo desta secção não é definir as regras relativas à conceção do traçado de túneis (na Secção Regulamentações são referidos manuais de projeto de vários países), mas, essencialmente, sensibilizar os donos de obra e os projetistas para a necessidade de uma abordagem global e multicultural, logo desde as fases iniciais dos estudos, e para a importância da experiência, que é crucial para o sucesso do projeto.
Nestes países, constata-se uma certa apreensão dos donos de obra e dos projetistas em relação aos túneis. Geralmente preferem “traçados acrobáticos”, atravessando montanhas, com inclinações acentuadas, muros de contenção elevados ou viadutos muito longos, e, por vezes, grandes trabalhos de consolidação (muito dispendiosos e nem sempre eficazes ao longo do tempo), de forma a atravessar zonas com taludes instáveis.
Numerosos exemplos de projetos incluindo túneis e variantes de traçado concebidos no âmbito de uma abordagem global do “sistema” quando comparados com abordagens que rejeitam sistematicamente a construção de túneis demonstram que:
A assessoria por parte de um perito externo permite mitigar a insuficiência ou a ausência de “cultura de túneis” e melhorar o projeto de forma significativa.
O conceito de "sistema complexo" raramente é integrado a montante, em detrimento da otimização global do projeto. Muito frequentemente, a “geometria” da nova infraestrutura é fixada por especialistas em traçado, sem qualquer integração do conjunto de restrições e de componentes do túnel.
Contudo, é essencial que todos os parâmetros e interações acima descritos no parágrafo 1.1 sejam tomados em consideração desde esta fase, designadamente:
O perfil transversal funcional constitui a segunda fase principal do projeto de um túnel, após a seleção do traçado. Tal como na primeira fase, a abordagem “sistema complexo” deve ser tomada em consideração de uma forma muito cuidadosa, iniciada o mais a montante possível e conduzida por uma equipa multidisciplinar experiente. Todos os parâmetros e interações descritos no Um sistema complexo deverão ser considerados.
Esta segunda fase (perfil transversal funcional) não é independente da primeira fase (traçado), e deve obviamente incorporar as disposições daí resultantes. As duas fases são interdependentes e estreitamente ligadas entre si.
Adicionalmente, conforme mencionado acima no parágrafo 1.1.2.2, os processos referentes às duas primeiras fases é iterativo e interativo. Não existe uma abordagem matemática direta que dê uma resposta única à análise do “sistema complexo”. Não só não existe uma resposta única como o número de boas respostas é limitado e o número de más respostas é grande. A experiência da equipa multidisciplinar é essencial para que seja encontrada uma boa solução rapidamente.
Os exemplos acima referidos no parágrafo 1.2.1 demonstram que as disposições referentes ao "perfil transversal funcional" podem ter um forte impacto na conceção dos traçados em planta e em perfil longitudinal.
A experiência mostra que a análise relativa ao “perfil transversal funcional” é muitas vezes incompleta e limitada às disposições da engenharia civil, o que conduz inevitavelmente a:
Os principais parâmetros do “perfil transversal funcional” são:
As recomendações da AIPCR/PIARC são numerosas nos domínios da segurança e da exploração, para a realização de estudos de segurança, de organização de ações de exploração e de emergência, tal como as disposições relativas à exploração. O leitor é convidado a retomar este tema no Capítulo Segurança e Capítulo Fatores humanos).
O presente capítulo trata, em primeiro lugar, das interfaces segurança/exploração no âmbito do “sistema complexo”. O quadro da secção 1.1.5.2 indica o grau de interdependência de cada parâmetro em relação aos vários subconjuntos do projeto.
Há um determinado número de parâmetros que têm um impacto fundamental logo desde as fases a montante do projeto. Devem ser analisados desde as primeiras fases da conceção e lidar em particular com:
Estes parâmetros fundamentais para a conceção do túnel são também fatores essenciais a considerar na “análise de perigos”, e nos esboços do “plano de intervenção das equipas de emergência”. É esta a razão pela qual é essencial que uma “análise preliminar dos riscos”, associada a um esboço preliminar de um “plano de resposta de emergência”, devam ser desenvolvidas nas fases iniciais dos estudos. Esta análise permite descrever melhor as especificidades da obra em apreço, o caderno de encargos funcional e as especificações de segurança que deve respeitar. Contribui, igualmente, para uma análise do valor da conceção da obra e para a sua otimização, tanto técnica como financeira.
Estes parâmetros e os seus impactos são detalhados nos parágrafos seguintes
Estes parâmetros têm um impacto fundamentalmente a nível do perfil transversal funcional (Ver 1.2.2), e através deste, têm um impacto parcial no traçado:
Trata-se de um parâmetro fundamental relativo às disposições funcionais e ao projeto geral. Este parâmetro tem, também, em geral uma incidência sobre o traçado (saídas diretas para o exterior) e as disposições ao nível da construção: passagens transversais – galeria inferior – galeria paralela – abrigos ou refúgios temporários ligados a uma galeria.
A sua análise exige uma abordagem integrada com o projeto da ventilação (nomeadamente a ventilação em caso de incêndio), o volume de tráfego, a análise dos riscos, o esboço do plano da resposta de emergência (nomeadamente a investigação dos cenários ventilação / intervenção) e os métodos de construção.
É necessário, do ponto de vista funcional, definir os caminhos, as respetivas caraterísticas geométricas e o espaçamento, de forma a assegurar os fluxos de pessoas com e sem mobilidade reduzida.
É essencial assegurar a homogeneidade, a legibilidade e o caráter acolhedor e tranquilizante destas instalações. Deve-se ter presente que as mesmas se destinam a ser utilizadas por pessoas em situação de tensão (acidente - incêndio), na fase de auto evacuação (antes da chegada dos serviços de emergência). A utilização destas instalações deve revestir-se de um caracter natural, simples, eficiente e tranquilizador, de forma a evitar a transformação do estado de tensão em estado de pânico.
As instalações de ventilação projetadas como sistema de “ventilação longitudinal” puro têm um impacto diminuto no “perfil transversal funcional” ou no “traçado”.
Tal não é o caso das instalações de “ventilação longitudinal” equipadas com uma conduta de extração de fumo, ou de sistemas de “ventilação transversal”, sistemas “semi transversais” ou “semi longitudinais”, sistemas “mistos” ou de sistemas de ventilação incluindo abrigos ou galerias intermédias que permitam extrair e descarregar ar no exterior, para além dos portais do túnel. Todas estas instalações têm um impacto muito importante no “perfil transversal funcional”, no “traçado” e em todas as estruturas subterrâneas adicionais.
As instalações de ventilação na zona de circulação de veículos são fundamentalmente projetadas com o objetivo de:
As instalações de ventilação podem, igualmente, desempenhar funções adicionais:
As instalações de ventilação não se limitam à zona de circulação de veículos. Dizem também respeito:
As instalações de ventilação devem ser concebidas de forma a poderem:
A comunicação com os utentes tem um impacto importante no “perfil transversal funcional” através da sinalização.
Os outros impactos importantes não se referem ao conjunto do “sistema complexo”. Dizem respeito ao subsistema relativo ao equipamento de exploração, em particular a monitorização à distância, a deteção, as comunicações, a gestão de tráfego, o controlo e a supervisão, bem como a organização da evacuação.
A operação de um túnel e a intervenção das equipas de manutenção podem exigir disposições específicas para permitir que as intervenções se realizem com todas as condições de segurança e reduzir as restrições ao tráfego.
Estas disposições respeitam, por exemplo, à disponibilização de estacionamentos em frente das instalações subterrâneas que necessitem de intervenções regulares de manutenção, à acessibilidade aos materiais para a sua substituição e manutenção (nomeadamente material pesado ou que ocupe muito espaço).
Esta secção não tem como objetivo descrever, em pormenor, os equipamentos e as instalações da exploração, a sua função e a sua conceção. Estes elementos encontram-se definidos nas recomendações do presente "Manual de Túneis Rodoviários", bem como nos manuais ou recomendações nacionais listados abaixo na secção 1.6.
O objetivo desta secção é chamar a atenção de donos de obra e projetistas para as questões específicas distintivas dos equipamentos e instalações de exploração de túneis.
O equipamento de exploração deve permitir ao túnel cumprir a sua função de garantir a passagem do tráfego e de satisfazer a dupla missão de proporcionar aos utentes um bom nível de conforto e de segurança quando atravessam o túnel.
Os equipamentos de exploração devem ser adequados à função do túnel, à sua localização geográfica, às caraterísticas intrínsecas, à natureza do tráfego, às infraestruturas a montante e a jusante do túnel, às questões fundamentais relativas à segurança e à organização da emergência, bem como à regulamentação e ao ambiente cultural e socioeconómico do país em que o túnel se situa.
Uma quantidade exagerada de equipamentos de exploração não contribui, de forma direta, para a melhoria do nível de serviço, de conforto e de segurança de um túnel. Tal melhoria exige níveis de manutenção acrescidos e um aumento da intervenção humana, os quais, caso não se verifiquem, podem conduzir a uma redução da fiabilidade do túnel e do respetivo nível de segurança. A sobreposição ou o excesso de dispositivos é, igualmente, inútil. Os equipamentos devem ser adequados, complementares, por vezes redundantes (para as funções essenciais de segurança) e formar um todo coerente.
Os equipamentos de exploração são “vivos”:
Todas estas considerações conduzem a escolhas estratégicas, das quais as principais são:
1.2.4.2.a Energia – fontes de energia – distribuição elétrica
As fontes de energia elétrica são indispensáveis ao funcionamento dos equipamentos dos túneis. Os túneis grandes podem exigir uma potência de vários MW (megawatts), a qual poderá não estar sempre disponível no local. Devem ser tomadas disposições específicas desde as primeiras fases do projeto, de forma a reforçar e a tornar mais fiáveis as redes existentes o que frequentemente passa por instalar novos ramais. O abastecimento de energia elétrica é essencial à exploração do túnel. É também indispensável para a sua construção.
O abastecimento e a distribuição da energia elétrica dentro do túnel devem satisfazer:
Cada túnel constitui um caso particular e tem de ser sujeito a uma análise específica em função do seu posicionamento geográfico, do contexto das redes elétricas existentes, das condições de abastecimento elétrico (prioridade ou não prioridade), da possibilidade de se aumentar ou não a potência e a fiabilidade das redes públicas existentes, dos riscos próprios do túnel, bem como das condições de intervenção dos serviços de emergência.
As instalações devem ser concebidas de acordo com a análise efetuada, e os procedimentos de exploração devem ser implementados de acordo com a fiabilidade do sistema e as escolhas adotadas durante a fase de projeto.
Os objetivos relativos à segurança, no caso de corte do abastecimento de energia, são:
As disposições geralmente implementadas relativas ao abastecimento de energia elétrica são as seguintes:
1.2.4.2.b Ventilação
As recomendações da AIPCR/PIARC são numerosas neste campo e constituem as referências internacionais fundamentais para a conceção e o dimensionamento das instalações de ventilação. Em complemento ao referido na secção 1.2.3.4 acima, o leitor deve reportar-se para este efeito à Secção Ventilação.
Contudo, deve ser relembrado que, apesar de a ventilação constituir um dos equipamentos fundamentais para assegurar a saúde, o conforto e a segurança dos utentes num túnel, é apenas um dos elos do sistema, no qual os utentes, os operadores e as equipas de socorro e de emergência constituem os elementos mais importantes, pelo seu comportamento, competências e capacidade de ação.
As instalações de ventilação são insuficientes para, de forma isolada, responderem a todos os cenários, e para satisfazerem todas as funções que possam ser assumidas, especialmente no que se refere ao tratamento do ar e à proteção do ambiente.
A relevância da escolha de um sistema de ventilação e do seu dimensionamento exigem uma vasta experiência, a compreensão do fenómeno complexo da mecânica de fluidos em ambiente fechado, associadas às fases sucessivas de desenvolvimento de um incêndio, à propagação, à radiação e às trocas térmicas, bem como ao desenvolvimento e à propagação de gases tóxicos e de fumo.
As instalações de ventilação são, em geral, consumidoras de energia e deve ser dada particular atenção à otimização do seu dimensionamento e da sua exploração, utilizando, por exemplo, sistemas especializados.
As instalações de ventilação podem ser muito complexas, e a gestão adequada em caso de incêndio pode exigir a implementação de sistemas automatizados que permitam gerir e dominar a situação de uma forma mais eficiente do que a gestão feita por um operador sob stress.
Tal como indicado acima na secção 1.2.3.4, as instalações de ventilação devem, acima de tudo, satisfazer os requisitos a nível de saúde e higiene, em condições normais de exploração e os objetivos de segurança, em caso de incêndio.
Robustez, fiabilidade, adaptabilidade, longevidade e otimização do consumo energético constituem os principais critérios de qualidade que as instalações de ventilação devem satisfazer.
1.2.4.2.c Equipamento adicional às instalações de ventilação
Há dois tipos de equipamento complementar dos sistemas de ventilação que são, frequentemente, objeto de fortes solicitações por parte dos interessados (stakeholders), associações de moradores ou grupos de pressão:
A. Instalações de tratamento do ar. A Secção Impacto dos túneis na qualidade do ar exterior trata desta questão e o leitor é convidado a consultá-la.
A implementação de instalações de tratamento do ar constitui uma solicitação recorrente por parte das associações de defesa de moradores em áreas urbanas. Estes sistemas, normalmente instalados no subsolo, são muito dispendiosos, tanto a nível da construção, como da exploração e manutenção. São também grandes consumidores de energia.
Até à data, os resultados obtidos com estes sistemas estão longe de serem convincentes, tendo em atenção nomeadamente a importante redução de poluição na fonte (quer dizer, nos veículos) e a dificuldade destes sistemas procederem ao tratamento das concentrações muito baixas de poluentes que se encontram num túnel, contidos em grandes volumes de ar. Consequentemente, muitos sistemas instalados nos últimos dez anos, já não estão operacionais.
O futuro das instalações de tratamento de ar é muito incerto nos países em que existe uma regulamentação crescentemente restritiva, que imponha reduções cada vez mais rigorosas das emissões poluentes na fonte.
B. Sistema fixo de extinção de incêndio (coluna). A Secção Sistemas fixos de combate ao incêndio trata desta questão e o leitor é convidado a consultá-la.
As tecnologias são numerosas e respondem a critérios diversificados: combate a incêndio – circunscrição do incêndio – redução da radiação térmica e da temperatura para os utentes próximos do incêndio – preservação da estrutura do túnel contra a degradação produzida pelas temperaturas elevadas, etc.
Estes sistemas, embora apresentem aspetos positivos, apresentam também aspetos negativos relacionados, nomeadamente, com a deterioração das condições de visibilidade, se forem ativados logo desde o início do incêndio. A utilização de um sistema fixo de extinção de incêndio requer uma abordagem coerente de todos os aspetos relacionados com a segurança dos utentes, bem como das estratégias de ventilação e de evacuação.
A decisão relativa à implementação ou não destes sistemas é complexa e tem consequências importantes. Deve ser objeto de uma reflexão profunda relativa às condições específicas da obra em causa e ao valor acrescentado obtido através da implementação do sistema. Não deve ser tomada por influência de uma moda ou de um grupo de pressão.
Um sistema fixo de extinção de incêndio requer a implementação de medidas de manutenção relevantes e a realização de testes de funcionamento, frequentes e regulares, sem os quais não é possível assegurar a respetiva fiabilidade.
1.2.4.2.d Iluminação
As recomendações da CIE (Comissão Internacional de Iluminação) têm sido criticadas pela AIPCR/PIARC devido aos elevados níveis de iluminação a que frequentemente conduzem. O leitor poderá reportar-se ao relatório técnico publicado pelo CEN (Comité Europeu de Normalização), o qual apresenta vários métodos, entre os quais o da CIE.
A iluminação é um recurso fundamental para assegurar o conforto e a segurança dos utentes num túnel. Os objetivos do nível de iluminação devem ser adaptados à localização geográfica do túnel (urbano ou não), às suas caraterísticas (curto ou muito extenso) e ao volume e natureza do respetivo tráfego.
O equipamento de iluminação consome muita energia e há desenvolvimentos em curso com vista a otimizar as suas caraterísticas e desempenho.
1.2.4.2.e Transmissão de dados – Supervisão - SCADA
O sistema SCADA (supervisory control and data acquisition) constitui o “sistema nervoso” e o “cérebro” do túnel, permitindo a recolha, transmissão e tratamento da informação, e, por outro lado, a transmissão do conjunto de instruções de funcionamento para o equipamento.
Este sistema requer uma análise meticulosa em conformidade com as condições específicas no interior do túnel, os equipamentos existentes, a organização e o modo de operação, o contexto dos riscos em que o túnel se localiza, bem como as disposições e os procedimentos implementados para as intervenções.
A organização da supervisão e do centro de controlo têm de ser analisados cuidadosamente, de acordo com o contexto específico do túnel (ou do conjunto de túneis), os meios humanos e materiais necessários, as missões a assumir, e a ajuda essencial que os dispositivos automáticos e os sistemas especializados podem proporcionar aos operadores, em caso de incidente, permitindo não só reduzir e simplificar as suas tarefas como torná-las mais eficientes.
O estudo detalhado destes sistemas é demorado, delicado e requer uma metodologia muito rigorosa de desenvolvimento, de controlo em etapas sucessivas (em particular durante os ensaios), de testes, de controlos globais após a integração de todos os sistemas no local. A experiência mostra que os numerosos erros verificados nestes sistemas resultam das seguintes lacunas:
A Secção Sistemas de Supervisão deste manual resume todos estes diferentes aspetos.
1.2.4.2.f Comunicações via rádio – circuitos de sinal
Estes equipamentos incluem:
1.2.4.2.g Sinalização
A sinalização é abordada na Secção Sinalização.
Mais do que no caso de outros equipamentos, o excesso de sinalização é prejudicial para os objetivos pertinentes a que se destina.
A legibilidade, a consistência, a homogeneidade e a hierarquia da sinalização (dando prioridade à sinalização de evacuação e de informação aos utentes) são aspetos a privilegiar na conceção da sinalização dentro do túnel e na sua proximidade.
Os painéis de mensagens fixas, a sinalização de afetação de vias, os painéis de mensagens variáveis, os semáforos e as luzes de paragem, a sinalização das saídas de emergência, a sinalização específica destas saídas, a sinalização de nichos de segurança, os dispositivos físicos para encerramento das vias (barreiras amovíveis), a sinalização horizontal e as bandas sonoras fazem parte dos dispositivos de sinalização. Asseguram parte da comunicação com os utentes.
1.2.4.2.h Dispositivos para combate a incêndios
Os dispositivos para deteção de incêndios são localizados (deteção de incêndios nos postos de transformação subterrâneos ou nas salas técnicas) ou lineares (cabo termosensível) no interior dos espaços de circulação.
Há diversos tipos de dispositivos relacionados com o combate a incêndios:
1.2.4.2.i Equipamentos vários
Podem ser instalados outros equipamentos, tendo em atenção os objetivos e as necessidades relativos a segurança, conforto e proteção da estrutura de cada obra. São exemplos desses equipamentos:
as disposições para a medição das condições ambientais nos portais de entrada e de saída, associados a procedimentos operacionais específicos se os limites forem ultrapassado
A melhoria (entendida especialmente em termos de melhoria de segurança) e a renovação de túneis existentes e em operação, levantam problemas específicos de análise e de método. O grau de liberdade é menor do que em túneis novos, dado que é necessário tomar em consideração o espaço e as restrições existentes. Contudo, as tecnologias próprias de cada tipo de equipamento e a sua integração são idênticas.
A renovação e a melhoria de um túnel em operação resultam, frequentemente, num aumento do prazo e dos custos, na redução das condições de segurança durante as obras e em impactos menos controlados sobre o volume e as condições do tráfego. Estas desvantagens são frequentemente resultado de uma análise incompleta da situação existente, do estado real do túnel, das suas instalações e do seu ambiente, bem como de uma falta de estratégia e de procedimentos que pudessem reduzir as perturbações ao nível do tráfego.
A Secção Segurança nos túneis existentes propõe uma metodologia para o diagnóstico da segurança em túneis existentes e o desenvolvimento de um programa de melhoria. Adicionalmente, a Secção Operação durante manutenção e renovação apresenta questões específicas relacionadas com os trabalhos desenvolvidos em túneis em operação. As respetivas disposições permitem minimizar os problemas mencionados anteriormente.
Considera-se, contudo, oportuno chamar a atenção do leitor para pontos chave apresentados nas secções seguintes.
O diagnóstico detalhado e rigoroso de um túnel é uma fase essencial no processo de modernização ou de renovação. Infelizmente, esta fase é frequentemente negligenciada.
O diagnóstico físico de um túnel exige:
Este diagnóstico físico deve ser complementado com um diagnóstico referente à organização, aos procedimentos de manutenção e de operação, bem como por um diagnóstico específico relativo a todos os documentos no âmbito da organização da segurança e das intervenções de socorro. Esta fase de diagnóstico pode, eventualmente, resultar na implementação de ações de formação dos vários intervenientes, de forma a melhorar as condições globais a nível da segurança do túnel no seu estado inicial, antes da renovação.
O diagnóstico deve ser seguido por uma análise do risco do túnel com base no seu estado real. Esta análise tem um duplo objetivo:
O diagnóstico tem de identificar (a fim de evitar descobertas tardias em fase de obra) se as instalações existentes, em princípio em condições de funcionamento, são suscetíveis de evolução, junção e de integração nas futuras instalações requalificadas (compatibilidade tecnológica – desempenho nomeadamente para a aquisição e transmissão de dados, dispositivos automáticos e SCADA).
O programa de renovação ou melhoria desenvolve-se em duas etapas.
A elaboração do programa resulta:
Tendo em consideração o ambiente físico do túnel e os espaços disponíveis, o programa de melhoria ótimo para a infraestrutura ou para os equipamentos poderá não ser possível de executar em condições razoáveis e poderá ser necessário restringir o mesmo. Este programa restrito poderá requerer a implementação de medidas de mitigação que assegurem que o nível de segurança exigido seja atingido de forma global, após a finalização dos trabalhos.
A validação do programa exige:
O programa de melhoria não requer, necessariamente, trabalhos físicos. Pode consistir, apenas, na modificação das funções do túnel ou das disposições de operação, como por exemplo:
.
A fase de conceção e construção consiste em traduzir o programa de renovação ou de melhoria para o formato de especificações técnicas e contratuais e na implementação das mesmas.
Esta fase requer uma análise muito detalhada:
Arbitrarily the "tunnel life" may be broken down in several main stages whose essential stakes are:
Esta é a fase mais importante da vida de um novo túnel. É decisiva em termos dos custos de construção e de operação, da segurança, bem como da gestão dos riscos técnicos e financeiros.
Esta etapa exige uma integração transversal de todas as interfaces do “sistema complexo” constituído pelo túnel. Esta integração tem de se verificar logo desde a fase inicial da conceção (cf. parágrafos acima).
Infelizmente, a experiência demonstra que isto raramente se verifica e que, frequentemente, a conceção de um túnel resulta de uma sucessão de etapas tratadas de forma independente. Embora de uma forma um pouco exagerada, verifica-se que:
Do ponto de vista da engenharia civil, o aspeto mais importante é a gestão dos riscos técnicos (em particular dos geológicos) e de todas as consequências daí resultantes a nível dos custos de construção e dos prazos.
A reflexão relativa à gestão dos riscos de construção tem de ser efetuada desde a conceção. Esta reflexão deve ser aprofundada e partilhada com o dono de obra. As decisões no âmbito dos riscos devem ser desenvolvidas e documentadas de forma clara.
A decisão pela assunção de alguns riscos não constitui, necessariamente, um erro e não deve ser necessariamente proibida, porque pode corresponder a alguns imperativos, como por exemplo, um prazo reduzido, incompatível com a implementação de todas as investigações necessárias para a eliminação de todas as incertezas.
Não obstante, a decisão de assumir riscos deve resultar de uma reflexão profunda sobre:
Assumir um risco não deve ser o resultado de negligência ou incompetência por parte dos diversos intervenientes.
Do ponto de vista dos equipamentos de operação, destacam-se:
Esta etapa da “vida” de um túnel é frequentemente subestimada e tida em consideração tardiamente. A etapa necessita de algum tempo, que muitas vezes não lhe é concedido, o que conduz a que a abertura ao tráfego do túnel se processe em condições pouco satisfatórias, ou mesmo em condições muito desprotegidas em termos de segurança.
Esta etapa inclui:
A principal missão consiste em assegurar:
Torna-se, também, necessário avaliar objetivamente a situação com algum distanciamento em relação às rotinas diárias, de forma a:
Os túneis são estruturas relativamente caras, no que respeita à respetiva construção e operação. Deve ser dada uma particular atenção aos custos, logo desde o início do projeto, de maneira a identificar todas as otimizações técnicas e financeiras possíveis.
Recomenda-se a implementação de um processo, desde as primeiras fases do projeto, que inclua:
Este processo permitirá a otimização do projeto (custos de construção e de operação) e uma melhor gestão dos riscos técnicos e financeiros, bem como da programação.
Os custos de construção dos túneis são muito variáveis, tornando-se impossível apresentar rácios de custo por quilómetro representativos, uma vez que estes rácios podem variar em proporções importantes (em média de 1 a 5) em função, nomeadamente:
No máximo, pode-se referir que o custo médio de um túnel normal, construído em condições geotécnicas médias, é cerca de dez vezes o custo de uma estrutura equivalente realizada ao ar livre (fora das zonas urbanas).
Os custos de construção podem ser decompostos em três tipos de custos:
Os dois diagramas apresentados abaixo mostram, por um lado, exemplos da repartição dos custos de construção de túneis em que as condições de engenharia não são complexas e, por outro, custos de construção de túneis em que as condições de engenharia são menos favoráveis.
Fig. 1.5.1: Decomposição dos custos de construção
Nota: estes dois diagramas demonstram a importância dos custos de engenharia civil e ilustram as consequências da sua quase duplicação (diagrama à direita).
Os custos de operação de um túnel podem ser decompostos em três tipos:
Os dois diagramas apresentados abaixo mostram exemplos de repartição (em condições económicas constantes) dos custos de construção (engenharia civil, equipamentos de operação, custos variados) e dos custos globais de operação (acumulados ao longo de um período de trinta anos após a entrada em serviço do túnel).
Fig. 1.5.2: Decomposição dos custos ao longo de 30 anos
Nota: estes diagramas demonstram a importância dos custos de operação e de manutenção e a necessidade de se escolherem opções que possibilitem a otimização dos custos de operação e de manutenção recorrentes, logo desde as primeiras fases de conceção do túnel.
Este capítulo diz respeito aos trabalhos de renovação e de modernização necessários para satisfazer as novas regulamentações. Os trabalhos contemplam disposições a nível da evacuação, da resistência da estrutura ao fogo, dos equipamentos de operação e de segurança e de todos os requisitos para satisfazer as novas regulamentações de segurança.
Não é possível indicar preços de referência, devido à diversidade dos túneis existentes, ao respetivo estado, ao tráfego e à maior ou menor exigência de novas regulamentações de segurança, que pode variar de país para país.
Da observação de trabalhos de modernização desta natureza, desenvolvidos em França desde o ano 2000, para satisfazer novas regulamentações, constatou-se uma grande diversidade dos correspondentes orçamentos, os quais apresentam montantes situados entre os dez milhões e as várias centenas de milhões de euros (há registo de vários programas de modernização com orçamentos superiores a 200 milhões de euros).
Os túneis constituem infraestruturas dispendiosas em termos de construção e de operação. Estes custos são compensados pelos benefícios económicos decorrentes, que incidem sobre o desenvolvimento regional, a fluidez do tráfego, o conforto, a segurança, os percursos fiáveis (atravessamentos de montanhas), bem como sobre a proteção do ambiente.
O financiamento destes trabalhos é assegurado por uma das seguintes vias:
O presente manual não pretende aprofundar estas várias formas de financiamento, ou apresentar os respetivos mecanismos, vantagens ou desvantagens. Contudo, afigura-se interessante apresentar as grandes linhas gerais que decorrem da experiência, e que permitem uma compreensão preliminar.
a) Financiamento através de uma autoridade pública
b) Financiamento através de “concessão” – túnel integrado numa infraestrutura global
O financiamento de um túnel integrado numa infraestrutura mais abrangente através de “concessão” (com ou sem envolvimento financeiro do concedente) constitui o caso comum de um túnel inserido numa nova autoestrada interurbana portajada. Os custos (construção e operação) do túnel são partilhados entre o túnel e a infraestrutura a céu aberto. A experiência demonstra que o sobrecusto do rácio quilométrico da portagem é aceite pelos utentes desde que a nova infraestrutura ofereça um valor acrescentado suficiente, em termos de poupança de tempo, de melhoria ou maior fiabilidade do serviço, de acréscimo de conforto e de segurança.
c) Financiamento através de “concessão” – túnel isolado
Existem duas categorias principais de túneis isolados.
Túneis que representam uma melhoria significativa das condições de circulação. Incluem-se, neste caso, os túneis urbanos que visam tornar o tráfego mais fluido e reduzir os tempos de percurso. A experiência demonstra que o financiamento através de uma “concessão” apenas deve ser equacionado quando se verificarem, em simultâneo, as seguintes condições:
Túneis associados ao “desenvolvimento regional”, concebidos para atravessar um obstáculo natural importante (cadeia montanhosa – estuário). Estes obstáculos criam dificuldades importantes ao comércio. O volume de tráfego inicial é relativamente baixo. A nova ligação com o túnel possibilitará o crescimento do tráfego, mas esta evolução é muitas vezes difícil de prever antecipadamente e, por outro lado, a evolução do tráfego constitui um parâmetro essencial do risco financeiro no âmbito do financiamento da concessão. A experiência demonstra que o financiamento através de uma “concessão” é apenas viável quando as seguintes condições se verificarem em simultâneo
d) Financiamento através de PPP ou similar
Os países que têm muitos túneis dispõem de regulamentações e desenvolveram recomendações e guias para a conceção, construção, operação, manutenção, segurança e intervenção dos serviços de socorro.
Relativamente às condições de segurança em túneis rodoviários, os países da União Europeia estão sujeitos à Directiva 2004/54/CE que define os requisitos mínimos a implementar de forma a assegurar a segurança dos utentes em túneis com extensão superior a 500 m e que façam parte da rede rodoviária transeuropeia. Um grupo mais alargado de países europeus está também sujeito a uma convenção internacional, o Acordo Europeu relativo ao Transporte Rodoviário Internacional de Mercadorias Perigosas (ADR), o qual inclui disposições específicas relativas a túneis. Todos os países membros transpuseram estas regulamentações europeias para as respetivas legislações nacionais. Alguns países membros implementaram regulamentações adicionais mais exigentes do que as que resultariam da transposição das disposições europeias.
Um quadro com as regulamentações e as recomendações relativas à operação e à segurança dos túneis rodoviários foi desenvolvido em conjunto pela AIPCR/PIARC e o Comité da ITA sobre Segurança Operacional das Instalações Subterrâneas (ITA-COSUF) da Associação Internacional dos Túneis e do Espaço Subterrâneo (ITA - AITES). Este documento pode ser consultado no portal de Internet ITA-COSUF (Publications)
Esta listagem não é exaustiva mas apresenta um painel internacional de vinte e sete países e três organizações internacionais.
Muitos países não têm quaisquer regulamentações relativas a túneis e à segurança em túneis, uma vez que não dispõem de obras desta natureza no seu território. É recomendável que estes países optem por escolher um conjunto completo e coerente das regulamentações existentes de um país com larga experiência no campo de túneis, e não diversifiquem a origem dos documentos, procurando em diversas fontes. As recomendações da AIPCR/PIARC, sintetizadas no presente manual, bem como a European directiva 2004/54/CE constituem, também, referências internacionais que estão a ser aplicadas cada vez mais frequentemente.
This chapter consists of two main subsections:
“Complex Underground Road Networks” has been the subject under consideration by the PIARC Working Group 5 throughout the course of the 2012-2015 cycle.
The working plan consists of two sections:
The terminology “Complex Underground Road Tunnels” covers the following infrastructure:
All the structures share several similar characteristics:
The objective of the case study was to identify structures of this type around the world, to summarise collected information, to analyse it and to establish a number of preliminary recommendations for owners, designers and operators.
While this collection of information is not exhaustive and the summaries do not constitute a scientific database, it nevertheless contains pertinent and interesting findings. The collection of information was limited to the countries of origin of the Working Group 5 members, wherein the working group had active correspondents available to them.
The general methodology has been the following:
At more than 600 pages, a significant volume of information was collected. Therefore a direct publication of all information has been deemed unsuitable. The working group decided to:
Twenty-seven (27) “tunnel complexes” were analysed. The list is provided in §1.7.2.5 below. Several “complexes” consist of two to four tunnels and the actual analysis reflects a total of 41 individual tunnels.
The geographic distribution of structures analysed is shown in the graph below :
Fig 1.7.1 : Distribution of tunnel complexes within the case study and detailed distribution in Europe
The European tunnels seem over-represented in the sample analysis. This stems,
Particularly, investigations in Chile (Santiago), in Australia (Melbourne and Sydney) and a second project in South Korea were unfortunately unable to be completed by the production date of the current report. They will be the subject of future updates throughout the course of the next cycle during which supplemen-tary analysis from Germany, China, Japan, Singapore and the USA will also be considered.
The key information outlined in the analysis focus on the following aspects:
As the outcome of this analysis, the working group established a number of preliminary recommendations. These recommendations will be the subject of detailed additional developments which will be published in Part B of the report at the end of the 2016-2019 cycle.
These preliminary recommendations, presented in Chapter 11 - Present Situation, Comments and Preliminary Recommendations of the report, deal with the following aspects:
Underground road networks are located mainly in urban areas, and their design (in particular their alignment) has several constraints.
Geometrical conditions which often contribute to traffic incidents, include: meandering curved alignment, insufficient visibility near the access and exit areas, insufficiently defined characteristics of merging or diverging lanes and, poorly designed exit ramp connections towards the surface road network leading to congestion in the main tunnel, etc.
It is recommended that in preparing the alignment, the following be considered:
b - Cross-section
The investigations mentioned above show that 80% of analysed tunnels prohibit the transit of vehicles that weigh over 3.5 tonnes (or 12 tonnes, in some instances). However, the tunnel design does not take into account this restriction, and does not reconsider optimisation of the lane width as well as vertical height clearance.
Investigations carried out on recent projects show that substantial savings (from 20% to 30% depending on the final design characteristics) can be obtained by choosing a reduced vertical height for tunnels that prohibit heavy vehicle usage.
It is recommended that at the earliest stage for developing tunnel projects detailed studies be undertaken to consider and analyse the “function” of the tunnel, traffic conditions (volume and nature of vehicles), as well as the financial feasibility and financing methods. This should be done in such a way as to analyse the advantages of a cross-section with reduced geometric characteristics. This may facilitate the financial optimisation of the project without reducing the level of service or affecting the safety conditions.
c - Ventilation
Underground road networks are usually subjected to large traffic volumes. Traffic congestion is frequent, and the probability of a bottleneck developing within the network is high and recurring. As a result, the ventilation system has to be developed with a detailed analysis of the risks and dangers, taking into account the existence of bottlenecks.
A “pure” longitudinal ventilation system is rarely the appropriate sole response to all the safety requirements, especially in the scenario of a fire located upstream of congested traffic. A longitudinal ventilation system will cause smoke de-stratification downstream of the incident location. This constitutes a danger for any tunnel user blocked or in slow moving downstream traffic.
The addition of smoke extraction gallery or the choice of a transverse or semi-transverse ventilation system is often vital if no other realistic or feasible safety improvement measures can be put into place, and considered as efficient.
It is also necessary to implement equipment allowing the different network branches to operate inde-pendently of each other. This will facilitate the control and the management of smoke propagation during a fire incident.
The risks associated with the traffic of dangerous goods vehicles through a tunnel with a high urban traffic density must be carefully analysed. There are no ventilation systems capable of significantly reducing the effects of a dangerous goods large fire in such traffic conditions.
d - Firefighting
The necessary timeframe for response teams to arrive on site must be subjected to a detailed analysis under normal and peak hour traffic conditions. The objective is to determine whether or not it is necessary to install first line intervention facilities and resources in proximity of the tunnel portals.
The turnover of fire brigade staff is relatively high in urban areas and their interventions in tunnels are rela-tively rare. The high rate of turnover may lead to loss of specialist skills in tunnel intervention. Thus, it is essential to implement tools which allow continuous professional education and training of the teams. A virtual 3D model of the network, associated with simulation software, can provide pertinent, user-friendly and effective tools.
e - Signage
It is fundamental to ensure clear visibility of the exit ramps and a clear legibility of signage, in order to reduce the risk of accidents where exit ramps diverge from the main carriageway.
The locations of interchanges, entry and exit ramps, as well as the concept for signage should be analysed from the conceptual of alignment studies.
f - Environment
In order to reduce atmospheric pollution, communities, stakeholders and residents often demand the installation of filtration devices for in-tunnel air before it is released into the atmosphere.
This results in a decision to install filtration equipment which is rarely rational or technical, but in ad-hoc response to public pressure. Before any decision-making on this issue, it is, however, essential to:
g – Traffic conditions – Traffic management
The connections between exit ramps and the surface network must be equipped in a way which allows supervision and management of traffic in real time. This arrangement allows traffic congestion to be reduced inside the tunnel, and an improvement of safety should tunnel incidents require quick evacuation of users.
The coordination between operators of physically connected infrastructure is in general adequate. However, it is often essential to improve this coordination by clarifying the situation and role of each operator (particularly in the event of traffic congestion and fire incident) by defining common procedures and determining priorities between the different infrastructure parts and their traffic.
Monographs have been established for each of the structures listed in the table below. They are accessible in the Multimedia Kit at the bottom of the page. The monographs of the structures highlighted in amber are in the process of being updated and will be online shortly.
Continents | Countries | Cities | Names of the tunnels complex | Appendices |
---|---|---|---|---|
Asia | China (CHN) | Changsha | Yingpan Tunnel | 1-1 |
Japan (J) | Tokyo | Chiyoda | 1-2 | |
Yamate | 1-3 | |||
South Korea (ROK) | Seoul | Shinlim-Bongchun and Shinlim-2 | 1-4 | |
Europe | Austria (A) | Vienna | Kaisermühlen | 2-1 |
Belgium (B) | Brussels | Leopold II | 2-2 | |
Belliard | 2-3 | |||
Czech Republic (CZ) | Prague | Blanka Tunnel complex (3 tunnels) | 2-4 | |
Mrazovka and Strahov | 2-5 | |||
Finland (FIN) | Helsinki | KEHU - service tunnel | 2-6 | |
France (F) | Annecy | Courier | 2-7 | |
Ile-de-France | Duplex A 86 | 2-8 | ||
Lyon | Croix-Rousse (road tunnel + multimodal tunnel) | 2-9 | ||
Paris La Défense | A14 / A86 motorway interchange | 2-10 | ||
Voie des Bâtisseurs | 2-11 | |||
Italy (I) | Valsassina | Valsassina tunnel | 2-12 | |
Monaco (MC) | Monaco | Sous le rocher tunnel (2 interconnected tunnels with “Y” form layouts) |
2-13 | |
Norway (N) | Oslo | Opera tunnel (chain of 4 tunnels) | 2-14 | |
Tromsø | 3 interconnected tunnels with roundabouts and access to parking lots |
2-15 | ||
Spain (E) | Madrid | M30 By-pass | 2-16 | |
M30 Rio | 2-17 | |||
Sweden (S) | Stockholm | Ring Road – Northern link | 2-18 | |
Ring Road – Southern link | 2-19 | |||
The Netherlands (NL) | The Hague | Sijtwendetunnel (chain of 3 tunnels) | 2-20 | |
North America | Canada / Quebec (CDN) / (QC) | Montreal | Ville-Marie and Viger tunnels | 3-1 |
USA | Boston | Boston Central Artery | 3-2 | |
Oceania | Australia (AUS) | Brisbane | M7 Clem Jones Tunnel (CLEM7) | 4-1 |
“Underground Road networks” are “complex systems”. All the recommendations presented in Chapters 1.1 to 1.5 above are applicable to them. Nevertheless, certain “subsets” and “parameters” mentioned in Chapter 1.1 present a much more significant potential impact on underground networks. The “interactions between parameters” (see § 1.1.2.2) are generally and much more extended and complex.
Several major strategic challenges presented in the above chapters, as well as their principal interactions, and the additional parameters below, must be well considered in the process of developing tunnel designs and for the construction and operation of tunnels.
This term is applicable to tunnel cross-section, vertical alignment, implementation of interchanges, access and exit ramps. In addition to the recommendations from § 1.2.1 the following elements should be considered for:
a – Land occupation
Land occupation deals with the surface occupation in open air (roads, buildings and various structures, parks and protected areas, etc.) and the volumetric occupation of the underground space (underground infrastructures such as metro, car parks, various networks, building foundations, etc.)
The interfaces between the underground and surface spaces are numerous: ventilation stacks, access and exit ramps, evacuation corridors and intermediate emergency access.
The underground and surface land occupation constraints are not always compatible with a given location and it is often necessary to decouple surface structures from those underground. This relationship can be implemented through inclined shafts or underground corridors that link any vertical shafts that are located away from the tunnel alignment.
b - Geology, geotechnical, hydrogeology
The geological, geotechnical and hydrogeological conditions have a significant impact on the horizontal and vertical alignment especially with regard to the risk of settlement, the possibility of construction underneath existing structures and any required maintained distances to existing surface or underground struc-tures, in relationship with the construction methodology considered.
These conditions can also influence the position of underground interchanges. For example, in the case of loose soil below groundwater level a localised widening of the cross section to build ramp merge and diverge areas could require construction works starting from the surface (large shafts, treatment and land consolidation works). These works require setting up temporary occupation on the surface. Under such conditions the location of underground interchanges should then also consider the type of land occupation on the surface.
c - Functionality for traffic
The functionality of the alignment mainly deals with areas where connection to the road network at the surface (or possibly with other underground structures) has to be built. The position and the design of the main tunnel portals, the access and exit ramps, as well as the location of interchanges depend on these functionalities.
The location of all these connections is also linked to the volume of traffic in the underground network, as well as its multiple entrances and exits. The connections must take into account the absorption capacity of traffic in the surface road network, adjustments to connections design in order to avoid underground traffic congestion and thus reduce accidents and significant tunnel fire incident risks.
d - Safety – rRsks of accidents
The analysis of existing networks demonstrates a concentration of accidents around areas with curved geometry, overly steep slopes and insufficient visibility around the merge and diverge areas of ramps.
All these elements must be carefully taken into account from the early stage of the design of the horizontal and vertical alignments of a new network.
e - Methods of construction – Time period
The construction methodology has a direct impact on the horizontal and vertical alignments (and vice-versa). They are also strongly guided by the geological, geotechnical and hydrogeological conditions.
The methods of construction can have an important impact on the location of the tunnel portals. In particu-lar, the use of a shield (slurry shield or earth pressure balanced) requires significant site area not only for the assembly of a tunnel-boring machine but also throughout the duration of the works (particularly for the treatment of slurry and provisional storage). A conventionally bored tunnel (when soil conditions permit it) requires fewer facilities close to the portal, and can be accommodated in a smaller site area.
The analysis for the shortening of construction timeframes can have an impact on the horizontal and vertical alignments, for example in order to make possible intermediate construction access sites.
f – Environmental conditions
During operation period of the network, the main concerns are air quality and noise impacts. These concerns have repercussions on the positioning of tunnel portals and ventilation shafts. These issues must be analysed carefully, in particular the ventilation plants as well as the additional equipment likely to reduce the environmental impact.
The position of portals, and the associated temporary work site plants, must also be analysed from an environmental aspect in terms of construction methods and timeframes. For example, a conventional method of construction will have a more significant noise impact as opposed to a TBM construction method. If the tunnel portal is situated in a noise sensitive area, works will have to be suspended during quieter night periods, leading to a prolonged construction period and consequent inflation of costs. A modification of the portal location or changes to the alignment can reduce these impacts.
In addition to the recommendations from § 1.2.2 the following elements should be considered for:
a – Nature of traffic - Function
As mentioned in § 1.7.2.4.b above, the nature of traffic is a factor that must be carefully analysed regarding their initial conditions as well as its evolution over time. Many urban underground networks prohibit heavy vehicles (more than 3.5 t or 12 t depending on different conditions), even though they were designed with standard vertical height clearance and lane width characteristics (defined for the allowance of all types of vehicles).
Analysis of the “function” of the underground network and the evolution of that function is essential. It allows the cross-section to be optimised by choice of geometrical characteristics (vertical height clearance and lane width) to ensure adequacy for the present and future traffic that will use the network.
Savings made regarding construction costs are significant (from 20% to 30% depending on the chosen characteristics). Where applicable, these savings may allow a project to be financed, and thus feasible, where it may not have been with standard vertical clearances and lane width.
b - Volume of traffic
The volume of traffic is the determining factor in defining the number of lanes of the main tunnel, as well as interchange or access and exit ramps.
The volume of traffic should be taken into account when defining the length of merging and diverging lanes for entrances and exits. The risk of congestion, at the connection of exit ramps to the surface network, must also be considered, as well as the consequences that this has on the main tunnel (bottleneck queue) to determine whether or not it is necessary to design and lengthen a parallel lane upstream from the divergence point of the exit ramp from the main road.
c - Ventilation
The ventilation galleries to be installed inside the structure contribute considerably to the spatial requirement. Therefore, it is necessary to proceed to a preliminary “analysis of hazards and risks”, and an initial sizing of ventilation installations before definitively setting the characteristics of the functional cross-section. This approach is often iterative.
d – Geology - Geotechnics - Hydrogeology - Methods of construction
The geological, hydrogeological and geotechnical conditions, as well as methods of construction (which are often interlinked) have a vital impact on the shape and surface area of the cross-section. The following example illustrates this interaction.
In loose soil below groundwater level, the use of a shield will be required for the construction of the main tunnel. The main tunnel will be circular in shape. However, the cross-section will also depend on other functions:
Recommendations in section 1.2.3 are integrally applicable to “underground road networks”. The analysis approach must, nevertheless, take into account the complexity of underground networks and the aggravating influence of certain factors, in particular:
a - Traffic
The volume of traffic is generally more significant and in high traffic volume conditions traffic congestion is much more frequent. It follows that the number of persons in tunnel is much higher and in the event of an incident, the number of users to evacuate will be more significant.
Ramps merge and diverge areas are important locations in terms of risk of accidents.
The assumption, which is sometimes prevalent from the start of projects, that there will never be a traffic blockage must be analysed with much circumspection. It is indeed possible to regulate the volume of traffic entering into an underground network in order to eliminate all risk of bottlenecks. Nevertheless, this leads to a significant decrease in the capacity of the infrastructure (in terms of traffic volume) which often goes against the reasoning that justifies its construction. Over time, measures of reducing entering traffic must be relaxed, or even abandoned because of the need to increase traffic capacity. The probability and recurrence of bottlenecks increase, disregarding the initial assumption upon which the network was based (particularly in terms of safety and ventilation during incidents).
b - Emergency evacuation – emergency access
The analysis must take into account:
c - Ventilation
The concept and design of ventilation systems must take into account:
d – Communication with users
Communication with tunnel users must be reinforced and adapted throughout the multitude of branches within the network. Communication must be able to be differentiated between the different branches according to operational needs, especially in the case of fires.
Users must be able to identify their position inside the network, which would require, for example, the installation of specific signs, colour codes, etc.
Directional signs and prior information signs at interchanges or ramps must be subjected to careful consideration, particularly the visibility distances with regards to signals and the clear legibility of the signage.
e – Operational needs
Specific operational needs (cf. § 1.2.3.6) must be adapted to the complexity of a network, to the volume of traffic and to the resulting increased difficulties of achieving interventions under traffic conditions.
Recommendations in section 1.2.4 are also applicable to “underground road networks”. Nevertheless, anal-yses must take into account the complexities of underground road networks and the supplementary needs or conditions mentioned in Chapter 1.7.3.
The interfaces between operators of associated or related network must be subjected to a specific analysis, particularly for all aspects concerning, on the one hand, traffic management and, on the other hand, safety (especially fire incidents), including evacuation of users and intervention of emergency response agencies in response to fire incidents.
Control centres must take account of the interfaces within the network and between diverse operators. They must allow the transmission of common information which is essential to each operator, and facilitate the possible temporary hierarchy of one control centre over another. The architectural design of the network of control centres, and of their performance and methods, must be subjected to an overall analysis of organisa-tions, responsibilities, challenges and risks. This analysis should reflect a range of operational conditions such as during normal and emergency scenarios, and should review the interaction between the different subsections of the network and the respective responsibilities of each control centre.
Com o aumento do número de túneis planeados ou em construção pelo mundo inteiro e o crescimento do volume de tráfego que utiliza os túneis existentes, as questões de segurança tornam-se cada vez mais importantes. Os incidentes e acidentes em túneis rodoviários podem não ser mais frequentes do que os que ocorrem em estrada a “céu aberto” – de facto, os túneis rodoviários podem oferecer um ambiente de condução mais seguro e mais controlado aos utentes rodoviários. Contudo, as consequências de grandes incidentes no ambiente confinado de um túnel são potencialmente mais severas do que numa estrada a “céu aberto” e, habitualmente, suscitam reações mais fortes por parte do público.
Num túnel rodoviário moderno, a segurança é garantida através de uma abordagem integrada. Um conjunto de ferramentas bem desenvolvidas – como sejam métodos de avaliação dos riscos, inspeções de segurança e procedimentos de segurança – estão disponíveis para auxiliar a atingir os objetivos de segurança desde as fases iniciais de planeamento e conceção de um novo túnel até à operação e melhoria dos túneis existentes.
Um nível de segurança apropriado em túneis, que seja comparável com o nível de estradas a céu aberto, pode ser obtido através de uma abordagem estruturada e integrada da conceção e operação dos túneis, centrada na prevenção de incidentes graves e na redução das consequências, através do encorajamento e da facilitação do auto socorro, em primeira instância, e da subsequente intervenção eficaz dos serviços de emergência.
Accident in a bidirectional road tunnel (Video)
Podem retirar-se lições importantes da experiência de incidentes em túneis no passado, os quais são discutidos na Secção Experiência de acidentes. Os acidentes e os incêndios em túneis, no passado, conduziram, a nível internacional, a uma tomada de consciência e a um interesse acrescidos quanto aos impactos da segurança em túneis; de facto, na sequência do relatório das investigações após o incêndio de Mont Blanc em 1999, um conjunto de países pelo mundo inteiro deu início à revisão e atualização das normas e guias nacionais relativos à segurança em túneis.
A Comissão Económica para a Europa das Nações Unidas (UNECE)criou um grupo de peritos de segurança em túneis rodoviários, em que a AIPCR/PIARC se encontra representada, o qual produziu Recomendações em 2001, sobre todos os aspetos relativos à segurança em túneis rodoviários. Estas recomendações contribuíram para o desenvolvimento e atualização das normas internacionais da segurança em túneis. Na Europa, a Comissão Europeia preparou uma Diretiva sobre os requisitos mínimos de segurança aplicáveis nos túneis rodoviários da Rede Rodoviária Transeuropeia, que entrou em vigor em 2004.
Foram, igualmente, desenvolvidas mais ações noutras partes do mundo. Nos EUA, a norma nacional para a segurança relativa a incêndios em túneis rodoviários (NFPA 502)
tem sido objeto de uma atualização periódica, incorporando os desenvolvimentos decorrentes de pesquisa e da experiência retirada dos anteriores incêndios e acidentes em túneis.
Os requisitos mínimos definidos na Diretiva Europeia referem-se a túneis inseridos na Rede Rodoviária Transeuropeia. Nalguns países europeus e fora da Europa, verifica-se que as regulamentações e requisitos a nível da segurança em túnel podem ser mais exigentes do que aquilo que a Diretiva impõe. Tais normativas podem ser impostas para considerar as caraterísticas particulares dos diferentes países e para lidar com túneis que não estão sujeitos à Diretiva, tais como túneis urbanos, por exemplo.
O Comité Técnico sobre Exploração de Túneis Rodoviários da AIPCR/PIARC adiantou as questões fundamentais relativas à segurança nos túneis com a publicação de um conjunto de relatórios redigidos por Grupos de Trabalho especializados. Para além destas atividades e dos desenvolvimentos legislativos, um conjunto de projetos de investigação e de redes temáticas, principalmente na Europa, contribuíram para o conhecimento e para a compreensão dos princípios da segurança rodoviária num túnel e guiaram a comunidade dos túneis para a conclusão de que é necessária uma abordagem integrada da segurança em túneis rodoviários. Estes princípios gerais constituem o assunto da Secção Princípios gerais of this Manual and the integrated approach is addressed in Secção Segurança integrada.
Nos seguintes documentos podem ser encontrados, com algum detalhe, os esforços de cooperação internacional direcionados para uma melhor compreensão e uma melhoria das condições de segurança em túneis rodoviários:
Para além destas atividades, a AIPCR/PIARC apoia o Comité sobre Segurança Operacional das Instalações Subterrâneas (ITA-COSUF) da Associação Internacional dos Túneis e do Espaço Subterrâneo (ITA - AITES), enquanto rede internacional para troca de experiências e promoção da segurança.
Os aspetos essenciais para uma abordagem integrada da segurança em túneis rodoviários consistem na definição de critérios de níveis de segurança, na análise da segurança e na avaliação do equilíbrio entre os custos e os benefícios para se atingir um nível de segurança aceitável. Para isto, o princípio fundamental é a análise dos riscos, uma ferramenta essencial para a gestão da segurança em túneis, discutida na Secção Avaliação do risco
Assumem particular importância e requerem atenção particular na análise e na avaliação da segurança em túneis, os incêndios, discutidos na Secção Avaliação do risco e o transporte de mercadorias perigosas, discutido na Secção Meios contra incêndios.
Para maximizar a eficácia da gestão da segurança em túneis, são necessárias determinadas ferramentas para apoiar a estratégia, orientar decisões críticas e manter uma visão constante e rastreável de todas as questões de segurança ao longo da vida do túnel. As três ferramentas principais no âmbito da gestão da segurança em túneis são a Documentação de Segurança, a Recolha e Análise de Dados de Acidentes e Incêndios e as Inspeções de Segurança. Estes pontos são descritos com algum detalhe na Secção Procedimentos segurança
As novas exigências a nível de segurança, bem como o aumento do tráfego, levam à melhoria dos túneis existentes. Tal levanta problemas específicos que são examinados na Secção Segurança nos túneis existentes
O conteúdo deste Capítulo foi coordenado pelo Grupo de Trabalho 2 do comité C4 (2008-2011) em que:
A gestão da segurança comporta desafios particulares nos túneis rodoviários onde os riscos dos veículos em movimento transportando cargas são expressivos e as consequências de acidentes sérios podem ser significativamente afetados pelo comportamento humano, o qual é difícil de prever(Capítulo Fatores humanos).
É necessária uma abordagem global para tomar em consideração todos os aspetos do sistema, incluindo a infraestrutura, a operação, os serviços de emergência, os utentes rodoviários e os veículos.
O primeiro passo na análise dos requisitos consiste na definição dos objetivos de segurança. Normalmente, os objetivos são definidos, a nível nacional, em conformidade com as leis, regulamentações e normas nacionais e as disposições de segurança, são função das caraterísticas específicas do túnel e do risco associado, definido através de análise e avaliação. A análise dos riscos e a avaliação da aceitação dos riscos são tratadas na Secção Avaliação do risco deste Manual.
O princípio fundamental a ser seguido numa situação de emergência num túnel é que os utentes do túnel procedam ao seu próprio salvamento. Depois da fase de auto salvamento, os serviços de combate a incêndios e de socorro intervêm para combater o fogo e prestar assistência aos restantes utentes do túnel, que não foram capazes de se salvar autonomamente.
Os objetivos de segurança podem ser definidos de várias maneiras mas os trabalhos da AIPCR/PIARC, da CEE/ONU e da União Europeia são concordantes na definição alargada dos seguintes objetivos:
Fig. 2.1-1: Safety circle
A segurança integrada nos túneis (Secção Segurança integrada ) requer que seja dada atenção a estes dois objetivos. Esta abordagem pode ser apresentada como um “ciclo de segurança”, que vai da proatividade e prevenção até à minimização de consequências, à intervenção e à avaliação, e volta à proatividade, conforme indicado na Fig. 2.1-1. O Capítulo 3 "Princípio gerais" do relatório 2007R07fornece mais informação sobre os objetivos e os princípios gerais de segurança.
As ações direcionadas para o cumprimento dos objetivos de segurança e de redução dos riscos, podem ser classificadas nas seguintes categorias:
A informação relativa a cada um dos temas acima mencionados é fornecida nos respetivos capítulos deste manual, conforme indicado acima. A informação geral sobre a escolha das medidas de segurança pode ser encontrada nos documentos seguintes:
O objetivo de planeamento e implementação de medidas de segurança consiste em atingir um equilíbrio adequado entre um nível ótimo de segurança e custos de construção e de operação razoáveis. Tal pode ser conseguido utilizando uma abordagem integrada da segurança do túnel (Secção Segurança integrada).
A segurança não consiste na simples adoção de todas as medidas de segurança possíveis, mas é a consequência de um equilíbrio entre os fatores de risco previstos e as medidas de segurança adotadas.
Com a definição e o desenvolvimento de regulamentações, recomendações e guias internacionais, surge a necessidade de definir um quadro que contemple todos os aspetos relativos à segurança em túneis. Este quadro pode conter os elementos principais seguintes:
Estes elementos de segurança são descritos no Capítulo 5 "Elementos numa abordagem integrada " do relatório 2007R07.
Fig. 2.2-1: Integrated approach
Uma abordagem integrada constitui um quadro para planear, projetar, construir e explorar um túnel novo ou melhorar um túnel existente, cumprindo os níveis de segurança exigidos em cada fase da vida do túnel. Isto deveria efetuar-se de acordo com um plano de segurança, respeitando os procedimentos de segurança adequados.
A figura ao lado apresenta esquematicamente uma proposta de abordagem integrada para a segurança em túneis novos ou em serviço, contemplando os elementos listados acima (figura extraída do Capítulo 6 "Conclusão" do relatório 2007R07 ).
As informações sobre os incidentes e acidentes ocorridos em túneis, bem como as lições que foram retiradas dos mesmos, foram extraídas de vários relatórios do Comité sobre Túneis Rodoviários da AIPCR/PIARC. Relatórios anteriores apresentam um recenseamento estatístico das avarias, acidentes e incêndios que aconteceram em determinados túneis, bem como as lições a extrair de tais acontecimentos em termos da conceção geométrica do túnel, conceção do equipamento de segurança e orientações para a operação. Tais elementos constituem consequentemente um conjunto de dados de importância vital para os engenheiros e decisores envolvidos na conceção do túnel:
Os incidentes nos túneis de Mont Blanc, de Tauern e de St. Gotthard (1999 e 2001) conduziram a uma maior consciencialização dos impactos possíveis dos acidentes em túneis. A probabilidade de os acidentes se transformarem em acontecimentos mais graves é baixa; contudo, as consequências destes incidentes podem ser graves em termos de vítimas, danos na estrutura e impactos na economia de transportes.
Ano | Túnel | Extensão | N.º Tubos | Vítimas |
---|---|---|---|---|
1978 | Velsen (Países Baixos) | 770 m | 2 | 5 mortos e 5 feridos |
1979 | Nihonzaka (Japão) | 2 km | 2 | 7 mortos e 2 feridos |
1980 | Sakai (Japão) | 460 m | 2 | 5 mortos e 5 feridos |
1982 | Caldecott (EUA) | 1,1 km | 3 | 7 mortos e 2 feridos |
1983 | Pecorile (perto de Génova, Itália) | 660 m | 2 | 9 mortos e 22 feridos |
1996 | Isola delle Femmine (Itália) | 148 m | 2 | 5 fatalities et 20 injured |
1999 | Mont-Blanc (França-Itália) | 11,6 km | 1 | 39 mortos |
1999 | Tauern (Áustria) | 6,4 km | 1 | 12 mortos e 40 feridos |
2001 | Gleinalm (Áustria) | 8,3 km | 1 | 5 mortos e 4 feridos |
2001 | St. Gotthard (Suiça) | 16,9 km | 1 | 11 mortos |
2006 | Viamala Tunnel (Suiça) | 750 m | 1 | 9 mortos e 6 feridos |
Um quadro mais completo pode ser consultado na Tabela 2.1 "Incêndios graves em acidentes em túneis rodoviários" do relatório 05.16.B.s
Estas catástrofes demonstraram a necessidade de melhorar a preparação para uma crise eventual, bem como a respetiva prevenção e a mitigação das consequências dos acidentes num túnel. Tal pode ser alcançado através da preparação de critérios de segurança logo desde a conceção dos túneis novos, bem como através de uma gestão eficaz e da eventual melhoria dos túneis em serviço, complementada por uma informação melhorada e por melhores comunicações com os utentes dos túneis. As conclusões do inquérito na sequência no incêndio no túnel de Mont Blanc mostraram que as consequências fatais poderiam ser significativamente reduzidas através de:
No Capítulo 3 "Lições extraídas de incêndios recentes" do relatório 05.16.B é apresentada uma descrição detalhada dos incêndios de Mont Blanc, Tauern e St. Gothard, incluindo a configuração original dos túneis e uma descrição passo a passo dos acidentes, da progressão do fogo e do comportamento dos operadores, dos serviços de emergência e dos utentes, bem como das lições a tirar. As lições retiradas estão sumarizadas na Tabela 3.5 deste relatório. A página 24 da Routes/Roads 324 "Uma análise comparativa dos incêndios nos túneis de Mont-Blanc, Tauern e Gotthard " (outubro de 2004) contém informação semelhante.
Depois do acidente de 24 de março de 1999, o túnel de Mont Blanc necessitou de uma renovação significativa antes de ser possível a sua reabertura ao tráfego. O sistema de ventilação constituiu uma parte significativa do trabalho de conceção da reabilitação. Uma descrição do dimensionamento, da operação automática e de ensaios de incêndio à escala real podem ser encontrados no Anexo 12.2 "A Renovação do Túnel de Mont Blanc " do relatório 05.16.B.
O Anexo 8 "Estudo estatístico austríaco de 2005: Análise Comparativa da Segurança em Túneis, no período 1999-2003 " do relatório 2009 R08 apresenta uma comparação da segurança rodoviária em túneis localizados em autoestradas e vias rápidas com a segurança noutros tipos de estradas, bem como da segurança rodoviária em túneis bidirecionais com a segurança em túneis unidirecionais.
No passado, em muitos países, o projeto de segurança em túneis rodoviários baseou-se, em grande parte, em regulamentos e em guias prescritivos. O túnel era considerado seguro se as prescrições aplicáveis dos documentos apropriados tivessem sido cumpridas.
Contudo, esta abordagem normativa apresenta algumas insuficiências:
Em consequência, complementarmente à abordagem normativa, pode ser utilizada uma abordagem baseada no risco – designada por avaliação do risco – para considerar as caraterísticas específicas do sistema de um túnel (incluindo veículos, utentes, operação, serviços de emergência e infraestrutura) e os respetivos impactos na segurança.
Uma abordagem baseada no risco pode contemplar vários tipos de risco, tais como o impacto sobre um grupo específico de pessoas (risco social) ou sobre uma única pessoa (risco individual), as perdas materiais, os danos sobre o ambiente e sobre valores imateriais. Em geral, as análises de risco em túneis rodoviários centram-se no risco social para os utentes do túnel, o qual pode ser expresso como o número de mortos previsto por ano ou através de uma curva F-N que mostra a relação entre a frequência de acidentes possíveis em túneis e as consequências (expressas em termos de número de mortos).
A avaliação do risco é uma abordagem sistemática para analisar as sequências e as interdependências nos incidentes e nos acidentes potenciais, identificando os pontos fracos do sistema e evidenciando as possíveis medidas de melhoria. O processo de avaliação do risco é caraterizado por três fases:
O fluxograma simplificado da Figura 2.4-1 ilustra os principais passos no processo de avaliação do risco
Fig. 2.4-1: Fluxograma do procedimento de avaliação do risco
A avaliação do risco em túneis rodoviários permite uma avaliação estruturada, harmonizada e transparente dos riscos, para um túnel específico, incluindo a consideração dos fatores influenciadores relevantes e as respetivas interações.
Os modelos de avaliação do risco proporcionam uma compreensão dos processos associados ao risco que os conceitos simplesmente baseados na experiência não poderiam nunca alcançar. Além disso, permitem a avaliação das melhores medidas de segurança adicionais em termos de redução dos riscos e permitem uma comparação das diferentes alternativas. Consequentemente, a abordagem da avaliação dos riscos no contexto da gestão da segurança de um túnel, pode constituir um suplemento apropriado à implementação de requisitos a nível de normas e guias. Na prática, existem métodos diferentes para tratar diferentes tipos de problemas. Recomenda-se a seleção do melhor método disponível para cada problema específico.
Embora os modelos de risco tentem aproximar-se da realidade, na medida do possível, e tentem implementar bases de dados realistas, é importante ter presente que os modelos nunca podem prever os acontecimentos reais e que existe um grau de incerteza e de imprecisão nos resultados. Tomando em consideração esta incerteza, os resultados da análise do risco quantitativo deveriam ser considerados exatos apenas até determinada ordem de grandeza e devem apoiar-se em análises de sensibilidade ou similares. A avaliação do risco através de comparação relativa (por exemplo, o estado existente com o estado de referência de um túnel) pode contribuir para a robustez das conclusões, mas deve ser dada uma particular atenção à definição do túnel de referência.
Os princípios de base e as componentes importantes das metodologias da análise do risco são apresentadas em: Relatório Técnico 2008R02 "Análise do risco em túneis rodoviários".
Este relatório apresenta, igualmente, um inquérito sobre os métodos utilizados na prática, bem como uma série de estudos de caso.
As várias abordagens à avaliação dos riscos são apresentadas e discutidas num novo relatório intitulado: "Práticas em vigor para a avaliação dos riscos em túneis rodoviários". Este relatório inclui, também, atualizações relativas à análise de riscos e está, atualmente, em fase de conclusão
Entre os riscos possíveis a considerar no âmbito dos túneis rodoviários, os incêndios em veículos constituem uma preocupação especial, uma vez que não são fenómenos muito raros e as suas consequências podem ser muito maiores no subsolo do que ao ar livre, se não forem tomadas medidas adequadas. Esta é a razão pela qual vários relatórios da AIPCR/PIARC se ocupam da questão da segurança contra incêndios em túneis rodoviários.
Parte do material incluído nestes relatórios refere-se às caraterísticas específicas dos túneis e é tratado nos correspondentes capítulos deste manual, que se indicam:
Contudo, antes das medidas de combate aos incêndios poderem ser definidas, há princípios gerais, informação básica sobre incêndios em túneis e métodos de estudo que devem estar disponíveis. São estas as questões tratadas nesta secção.
Com base nos objetivos gerais de segurança nos túneis rodoviários acima enunciados na Secção Princípios gerais, foram definidos objetivos mais precisos para o controlo dos incêndios e do fumo:
Estes objetivos são discutidos Secção I "Objetivos do controlo dos incêndios e do fumo " do relatório 05.05.B, que inclui uma discussão detalhada sobre os critérios de defesa em situações de incêndio. A Secção 2 "Conceitos de segurança em túneis rodoviários " of report 05.16.B contém informações complementares.
De modo a auxiliar na avaliação do risco e a fornecer dados que possam ser usados como base para os estudos de conceção, a Secção II "Risco de incêncio e incêndios de projeto "do relatório 05.05B. fornece informação sobre a frequência dos incêndios, os incêndios de projeto e os cenários de incêndios de projeto. Os incêndios de projeto no âmbito das considerações da segurança das vidas humanas, são normalmente especificados por uma potência do fogo fixa ou que varia no tempo, em função do tipo de veículos envolvidos no incêndio (por exemplo, um ou mais veículos ligeiros ou um pesado de mercadorias) e das cargas transportadas. O relatório “Caraterísticas dos Incêndio de Projeto nos Túneis Rodoviários”, da AIPCR/PIARC, disponibiliza recomendações sobre a seleção de incêndios de projeto.
A compreensão acerca do comportamento do fumo durante um incêndio num túnel é fundamental em cada um dos aspetos do projeto e da operação de túneis. Esta compreensão influenciará o tipo e a dimensão do sistema de ventilação a instalar, a respetiva exploração numa situação de emergência e os procedimentos de resposta que serão desenvolvidos para permitir aos operadores e aos serviços de emergência gerir o acidente em segurança. A Secção III "Comportamento do fumo" do relatório 05.05.B e a Secção 1 "Princípios básicos do fumo e da progressão do calor no início de um incêndio " do relatório 05.16.B, contêm uma discussão detalhada sobre o assunto, analisando pormenorizadamente a influência dos diferentes parâmetros (tráfego, dimensão do incêndio, condições de ventilação, geometria do túnel) no desenvolvimento de um incidente.
Secção IV "Métodos de estudo" do relatório 05.05.B apresenta uma descrição exaustiva das técnicas de base (resultados de experiências em grande e em pequena escala) e avançadas (simulação em computador) disponíveis para realizar estudos de segurança em incêndios. Esta descrição tem como finalidade auxiliar cientistas e projetistas.
As mercadorias perigosas são importantes para a produção industrial e para a vida quotidiana e têm que ser transportadas. Contudo, sabe-se que estes bens podem comportar riscos consideráveis se dispersos num acidente, seja em troços de estrada ao ar livre, seja em túneis. Os acidentes envolvendo mercadorias perigosas são raros mas, quando ocorrem, podem ter como consequências um grande número de vítimas e estragos materiais e ambientais graves. São necessárias medidas especiais para assegurar este transporte com a maior segurança possível. Devido a estas razões, o transporte de mercadorias perigosas é fortemente regulado na maioria dos países.
O transporte de mercadorias perigosas em túneis levanta problemas específicos uma vez que, no ambiente confinado de um túnel, um acidente pode ter consequências ainda mais graves. As questões seguintes devem ser consideradas:
Entre 1996 e 2001, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) e a AIPCR/PIARC desenvolveram um importante projeto conjunto de pesquisa, direcionado para fornecer respostas racionais às questões expressas acima: OCDE.Transporte de mercadorias perigosas através de túneis rodoviários. Segurança em Túneis, Paris: OECD Publishing, 2001 ISBN 92-64-19651-X. Os parágrafos seguintes sumarizam os resultados deste projeto e os desenvolvimentos posteriores.
A primeira etapa do projeto de pesquisa conjunto da OCDE/AIPCR consistiu num inquérito internacional incindindo sobre os regulamentos relativos ao transporte rodoviário de mercadorias perigosas, em geral e em túneis, em particular.
O inquérito mostrou que todos os países estudados dispunham, em geral, de regulamentos consistentes para o transporte de mercadorias perigosas em estrada e que estas regulamentações eram normalizadas, em grande parte do mundo. Por exemplo, o ADR (o acordo europeu relativo ao transporte internacional de mercadorias perigosas por estrada) é aplicado na Europa e na parte asiática da Federação Russa. A maioria dos estados nos EUA e as províncias do Canadá seguem códigos de acordo com os regulamentos tipo da ONU. A Austrália e o Japão dispunham de códigos próprios mas a Austrália alinhou-se com o sistema da ONU.
Em contrapartida, o inquérito evidenciou uma variedade de regulamentos relativos ao transporte de mercadorias perigosas em túneis. Constatou-se que as restrições aplicadas aos túneis apresentavam uma grande variação entre países e mesmo entre túneis no mesmo país. A falta de consistência entre os regulamentos relativos aos túneis colocou problemas à organização do transporte de mercadorias perigosas e levou um grande número de veículos de transporte de mercadorias perigosas a infringir as restrições.
No âmbito do seu projeto conjunto, a OCDE e a AIPCR/PIARC propuseram um sistema de regulamentação harmonizado. Esta proposta foi depois desenvolvida pela Comissão Económica das Nações Unidas para a Europa (CEE/ONU) e posteriormente implementada na Europa, em 2007 e em revisões posteriores do ADR.
A harmonização baseia-se no pressuposto de que num túnel existem três perigos principais que podem causar numerosas vítimas ou danos graves à estrutura do túnel e que os mesmos podem ser ordenados por ordem decrescente das consequências e crescente da eficácia das medidas de mitigação da forma seguinte: (a) explosões; (b) libertações de gás tóxico ou de líquido volátil tóxico; (c) incêndios. A restrição de mercadorias perigosas num túnel é feita atribuindo-lhe uma das cinco categorias identificadas com maiúsculas de A a E. O princípio destas categorias é o seguinte:
Categoria A | Nenhuma restrição ao transporte de mercadorias perigosas |
---|---|
Categoria B | Restrição para mercadorias perigosas que possam causar uma explosão muito granden |
Categoria C | Restrição para mercadorias perigosas que possam causar uma explosão muito grande, uma explosão grande ou uma grande libertação de tóxicos |
Categoria D | Restrição para mercadorias perigosas que possam causar uma explosão muito grande, uma explosão grande, uma grande libertação de tóxicos ou um grande incêndio |
Categoria E | Restrição para todas as matérias perigosas (exceto para cinco produtos com perigo muito limitado) |
Os seguintes portais de internet disponibilizam mais informação sobre este assunto:
A interdição de mercadorias perigosas num túnel não elimina os riscos, mas modifica-os e desloca-os para um local diferente, em que o risco global até pode ser superior (por exemplo, se forem desviadas para uma área urbana densa). É esta a razão pela qual o projeto de pesquisa conjunto da OCDE/AIPCR recomendou que as decisões sobre a autorização/restrição de circulação de mercadorias perigosas num túnel deveriam ser baseadas numa comparação de várias alternativas e tomar em consideração o itinerário incluindo o túnel, bem como os eventuais itinerários alternativos.
Foi proposto um processo de decisão racional, com a estrutura que consta da figura abaixo. As primeiras etapas produziriam indicadores objetivos de risco, baseados em análises quantitativas de risco (QRA, Quantitative Risk Analysis). As últimas etapas considerariam dados económicos e outros dados, bem como as preferências políticas do decisor (por exemplo, aversão ao risco). Estas últimas etapas poderiam ser baseadas num modelo de apoio à decisão (DSM, Decision Support Model).
Fig. 2.6-2: Processo de decisão racional
O projeto da OCDE/AIPCR desenvolveu um modelo QRA bem como um modelo DSM. O modelo QRA é, atualmente, utilizado em vários países. Trata-se de um modelo de análise sistémica do risco (cf. capítulo 2.4 para a definição) e produz indicadores do risco social (curvas F-N para os utentes do túnel e para a população permanente na vizinhança), bem como do risco individual (para pessoas que habitem de forma permanente na vizinhança do túnel) e de danos no túnel e ambientais. Aplica-se tanto aos itinerários que integram os túneis como aos itinerários a céu aberto, pelo que os riscos associados aos vários itinerários alternativos podem ser comparados. O modelo baseia-se em 13 cenários de acidente representativos de cada uma das cinco categorias de túnel (embora as categorias D e E não possam ser distinguidas, dado que conduzem a riscos similares). O modelo pode ser adquirido junto da AIPCR/PIARC e é descrito com mais detalhe no portal de internet da Associação.
As publicações da AIPCR/PIARC referidas de seguida, contêm informação adicional, assim como exemplos de aplicação:
O projeto de pesquisa conjunto da OCDE/AIPCR incluiu, também, uma pesquisa sobre as medidas que poderiam reduzir a probabilidade e/ou as consequências de um acidente envolvendo mercadorias perigosas, num túnel em que a circulação destas mercadorias fosse permitida.
Em primeiro lugar, procedeu-se à avaliação da situação atual, que resultou na identificação e na descrição de todas as medidas possíveis, a maioria das quais se encontra descrita na parte 2 deste manual (capítulos 6-9). A segunda e mais complicada etapa consistiu numa tentativa de avaliar o custo/eficácia destas medidas no que concerne ao risco associado às mercadorias perigosas. Não se procedeu a um exame detalhado dos custos, uma vez que estes são específicos a um projeto particular de túnel e podem ser estudados para cada projeto individual. O ênfase recaíu sobre a eficácia das medidas.
Algumas das medidas de redução dos riscos são diretamente tidas em conta no modelo QRA desenvolvido no projeto (ver acima). Estas medidas foram apelidadas de medidas “locais”. A eficácia de cada uma destas medidas, ou de cada combinação de medidas, pode ser avaliada fazendo correr o modelo com ou sem a(s) medida(s) e comparando os resultados. Foi efetuado um grande número de testes, que demonstrou que não é possível retirar conclusões gerais acerca da eficácia das medidas porque a eficácia depende, em muito, do caso específico. A avaliação da eficácia deve, consequentemente, ser efetuada na base de um projeto concreto.
A eficácia das outras medidas “não locais” foi muito mais difícil de avaliar e foram propostos métodos para a consideração de um conjunto destas medidas. O capítulo VII do Relatório do projeto da OCDE (medidas de redução do risco) contém mais informação relativa a esta matéria.
Para se garantir a segurança em túneis rodoviários é necessário implementar as necessárias medidas estruturais, técnicas e organizacionais de forma a que os incidentes possam ser evitados na medida do possível e que o respetivo impacto possa ser reduzido ao mínimo. O nível de segurança nos túneis é influenciado, em diversos graus, por um conjunto de fatores que podem ser agrupados em quatro grupos principais: Utentes rodoviários, Infraestrutura, Veículos e Operação.
A maioria das medidas necessárias para garantir a segurança num túnel baseia-se nos fatores de influência referidos acima e destina-se a prevenir ou a reduzir o perigo decorrente do comportamento incorreto dos utentes, da inadequação das instalações ou da operação do túnel, de defeitos técnicos dos veículos ou de outras falhas. Ver Capítulo 1 "Porque é que as ferramentas para a gestão da segurança dos túneis são necessárias?" do relatório 2009R08 .
Todas as medidas de segurança necessárias acima mencionadas têm de ser combinadas numa gestão eficaz da segurança do túnel. Para maximizar a eficácia da gestão da segurança do túnel, são necessárias determinadas ferramentas para apoiar a estratégia, conduzir decisões críticas e manter um enfoque constante e rastreável sobre todas as questões da segurança, ao longo da vida do túnel. As três “ferramentas” principais na gestão da segurança de um túnel são descritas nos parágrafos seguintes.
A documentação de segurança é um aspeto chave da gestão da segurança e deve ser compilada para cada túnel. As necessidades relativas a esta informação são diferentes em função da fase em que o túnel se encontra em termos do seu ciclo de vida: conceção, abertura ao tráfego ou operação. Durante a fase de conceção, a documentação de segurança centra-se na descrição da infraestrutura do túnel e nas previsões de tráfego, ao passo que na fase de exploração ganham importância os aspetos operacionais, tais como os planos de resposta em caso de emergência e as medidas relativas ao transporte de mercadorias perigosas. O grau de detalhe da informação aumenta à medida que o projeto se desenvolve. A documentação de segurança deve contemplar documentos “vivos”, continuamente desenvolvidos e atualizados, e que incluam o detalhe de alterações na infraestrutura do túnel, dados de tráfego, etc., bem como eventuais conclusões importantes decorrentes da experiência de exploração (i.e. análise de incidentes significativos, exercícios de segurança, etc.). O Capítulo 2 "Documentação de Segurança dos Túneis Rodoviários " do relatório 2009R08.
A recolha e análise dos dados de acontecimentos específicos, conforme se pormenoriza no Capítulo 3 "Recolha e Análise dos Dados relativos a Incidentes em Túneis Rodoviários " do relatório 2009R08 são essenciais para a avaliação do risco num túnel e para a melhoria das respetivas medidas de segurança. Envolvem um processo com duas etapas distintas, desde o nível local do túnel para responder a necessidades específicas, como sejam os dados para as análises de riscos, até ao cumprimento de obrigações legais, como o fornecimento de estatísticas a nível nacional/internacional. A avaliação de acontecimentos específicos (acidentes e incidentes) pode auxiliar a identificar perigos específicos num túnel, bem como a otimizar os procedimentos de exploração e a reação dos sistemas de segurança. Tal como a análise de acidentes reais, a análise de dados resultantes de exercícios de segurança pode contribuir para ganhar experiência na gestão de incidentes específicos em circunstâncias realistas.
As inspeções de segurança, conforme explicado no Capítulo 4 do Relatório Técnico 2009R08 (Inspeções de Segurança de Túneis Rodoviários), constituem uma ferramenta para determinar o atual nível de segurança de um túnel, seja no âmbito de um quadro legal (Diretiva Europeia, por exemplo) ou por comparação com um nível de risco considerado aceitável. A AIPCR/PIARC desenvolveu um esquema organizacional baseado na Diretiva da UE 2004/54/EC para descrever a cadeia de responsabilidade da segurança relativa às inspeções de segurança e para clarificar as responsabilidades das partes envolvidas. Este esquema propõe, igualmente, o conteúdo de uma inspeção de segurança (infraestrutura e sistemas, documentação de segurança e procedimentos existentes, organização da gestão do túnel, formação e garantia da qualidade), juntamente com um plano de implementação completo com a preparação e todos os passos necessários para se desenvolver uma inspeção de segurança.
Os últimos grandes desastres em túneis rodoviários (incêndio no túnel de Mont Blanc em 1999, incêndio no túnel de Tauern em 1999 ou incêndio no túnel de Gotthard em 2001) tiveram como consequência que fosse dada uma especial atenção às normas de segurança nos túneis existentes. Estes túneis requerem abordagens específicas e ferramentas para identificar e avaliar a necessidade de programas de melhoria a nível da segurança. As pesquisas e estudos realizados após estes grandes incidentes com incêndio em túneis, demonstraram que muitos túneis rodoviários existentes requerem meios adicionais e específicos para garantir um ambiente seguro aos utentes. Mesmo nos casos em que anteriormente foram desenvolvidos programas de melhoria, os túneis existentes podem não cumprir as normas de segurança atuais, dada a evolução recente da regulamentação.
Estes incidentes e os estudos realizados posteriormente conduziram à tomada de consciência dos riscos dos túneis por parte das pessoas envolvidas nos túneis rodoviários, desde projetistas e operadores até aos representantes das autoridades. Tornou-se claro que a melhoria da segurança não é apenas uma questão de melhorar a estrutura e/ou o equipamento, mas que existe também, e muitas vezes principalmente, uma forte necessidade de clarificação da organização da gestão da segurança e de adaptação dos procedimentos.
No âmbito da avaliação da segurança em túneis existentes deve ser dada uma atenção especial às alterações no ambiente do túnel (volume e composição do tráfego, transporte de mercadorias perigosas, trabalhos de construção na área envolvente, etc.), que podem também conduzir à necessidade de medidas de melhoria.
Propõe-se uma abordagem estruturada para avaliar e preparar os programas de reabilitação, composta por duas atividades principais:
O processo, com várias fases, para a preparação de um programa de renovação à medida, de um túnel em operação, pode ser resumido no fluxograma apresentado abaixo. O fluxograma descreve as ligações funcionais entre as várias etapas e os respetivos resultados.
Fig. 2.8-1 : Fluxograma do processo com várias fases
Em detalhe, o conteúdo de cada etapa deve ser adaptado às condições específicas do túnel individual, do respetivo ambiente e, naturalmente, às práticas locais específicas.
Em função da situação do túnel, o processo pode parar após a etapa 3 com uma simples comparação com o estado de referência, se a análise demonstrar que o nível de segurança exigido já foi alcançado. De facto, no caso dos túneis já renovados, a etapa 3 pode, com efeito, constituir o fim do processo.
Caso contrário, a etapa 3 pode realçar medidas urgentes de mitigação para melhorar o nível de segurança do túnel, que podem ser imediatamente concretizadas por meio de ações fáceis de implementar, tais como a introdução de barreiras de encerramento, alteração da sinalização ou medidas de controlo do tráfego. Em alguns casos, estas medidas podem ser suficientes para se alcançar o nível de segurança exigido.
Se forem necessários trabalhos mais substanciais, as modificações temporárias das condições de exploração podem constituir um meio útil para aumentar provisoriamente o nível de segurança no túnel, se necessário.
A preparação dos trabalhos de renovação para um túnel em operação é um processo iterativo, dado que se trata de uma combinação de questões técnicas, de medidas de segurança, de restrições de custos e de faseamento dos trabalhos. É por esta razão que as etapas 4 e 5 podem ser refinadas várias vezes para se obter um programa de renovação adaptado, considerando todos os parâmetros relevantes que podem influenciar a decisão. As atividades de conceção podem começar após a etapa 5.
O novo relatório "Avaliar e melhorar a Segurança em Túneis Rodoviários Existentes" apresenta recomendações para cada etapa no âmbito deste processo, até à definição de um programa de melhoria.
São apresentados pontos fracos típicos (deficiências de segurança) em túneis existentes. Além disso, estudos de caso de túneis existentes na Europa demonstram a estratégia adotada para trabalhos de renovação e as medidas de melhoria implementadas.
O Comité Técnico sobre Exploração de Túneis Rodoviários da AIPCR/PIARC sentiu a necessidade de contribuir para uma melhor compreensão do comportamento humano nos túneis, tanto em situações normais como em situações críticas, e de fazer algumas recomendações para a conceção e exploração dos túneis baseadas neste entendimento.
Este conhecimento do comportamento humano é decisivo para agir em consequência relativamente:
Um conhecimento adequado dos fatores humanos no contexto dos túneis rodoviários permite otimizar a segurança ao agir na direção do utente, da conceção do túnel e, de uma forma mais geral, da organização (entidade que explora o túnel e serviços de emergência).
O sistema global do túnel, incluindo a organização da gestão do túnel, desempenha um papel importante na segurança do mesmo, uma vez que determina o que os utentes do túnel veem ou aquilo a que têm de responder, tanto em situações normais como em situações críticas. A natureza dos regulamentos de tráfego, o cumprimento por parte dos condutores e o grau de controlo da sua aplicação contribuem, em grande medida, para o nível de segurança do túnel. As caraterísticas dos veículos que utilizam o túnel e a carga que transportam desempenham, também, um papel importante.
Podem considerar-se medidas adicionais (em relação aos requisitos mínimos definidos pela Diretiva da UE) quando se centraliza a segurança num túnel, em fatores humanos e no comportamento humano. Neste ponto, este capítulo centra-se na interação entre o sistema do túnel e os utentes do túnel, sendo fornecida informação complementar relativa à interação com as equipas de operadores do túnel e equipas de emergência.
As principais conclusões relativas aos utentes do túnel são que (ver detalhes na Secção Utentes):
No que se refere aos operadores e às equipas de emergência do túnel, pode-se também concluir que é da maior importância para o pessoal do operador do túnel (ver detalhes na Secção Operadores.) e para as equipas de emergência (ver detalhes na Secção Equipas de emergência )
A conceção para uma utilização humana ótima deveria incluir uma avaliação das competências e das limitações humanas e assegurar que os sistemas e processos resultantes, que envolvam interação humana, são consistentes com as competências e as limitações humanas identificadas. As competências e as limitações humanas referem-se aos processos físicos, cognitivos e psicológicos que lidam com a perceção, o processamento da informação, a motivação, a tomada de decisão e a atuação.
A Secção Recomendações gerais apresenta recomendações de natureza geral.
Fig. 3.0-1: Saída de emergência
Este capítulo do manual foi redigido por Marc Tesson, membro associado do comité C4 e líder do grupo de trabalho n.º 3 "Influenciar o comportamento dos utentes dos túneis ".
O líder anterior deste grupo de trabalho, Evert Worm, contribuiu para a produção da versão em inglês.
Didier Lacroix, antigo Presidente do Comité, releu a versão em francês.
Maria Dourado e Leonor Silva (Instituto da Mobilidade e dos Transportes, Portugal) efetuaram a tradução para português e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (Portugal) verificou e validou a tradução.
Fig. 3.1-1: Utente na aproximação de um túnel
O Relatório Técnico 2008R17 "Fatores humanos e segurança nos túneis rodoviários no que se refere aos utentes" evidencia os seguintes aspetos:
Ao desenvolverem estas pesquisas, os membros do Grupo de Trabalho envolvidos nestes estudos viram-se confrontados frequentemente com a questão: "deve-se adaptar o túnel ao utente ou o utente ao túnel?" É óbvio que se deve fazer uso de ambas as estratégias e, de forma a relativizar as recomendações existentes, o Grupo de Trabalho decidiu estudar a questão da educação dos condutores e da informação aos condutores.
Os aspetos seguintes serão destacados no relatório previsto "Recomendações relativas à educação e à informação aos condutores em túneis rodoviários". O objetivo deste relatório será fornecer recomendações a todos os responsáveis por ações educativas e informativas: organizações e agências nacionais, donos de obra, operadores e consultores no domínio da comunicação. Este relatório fornecerá, no primeiro capítulo, informação geral aos destinatários da publicação, assumindo-se que estes têm pouco ou nenhum conhecimento dos detalhes do contexto do túnel. O segundo capítulo tratará de recomendações gerais válidas para todos os destinatários da publicação (leitores e/ou instituições). Nos capítulos 3 e 4 serão propostas recomendações à consideração das organizações e agências e de donos de obra específicos
Fig. 3.2-1: Posto de comando de um túnel rodoviário
O termo "operador" designa a entidade que representa o dono de obra no terreno e que é responsável pela operação do túnel. Este interveniente chave no âmbito da segurança do túnel trabalha em ligação estreita com os outros intervenientes envolvidos (dono de obra, autoridades públicas, serviços de emergência, subempreiteiros, outros operadores, utentes, etc.). Tem como principais tarefas gerir o tráfego, os aspetos de engenharia civil e dos equipamentos do túnel juntamente com a gestão de crises e a gestão administrativa no âmbito da sua missão. Desempenha um papel crucial na implementação ótima do sistema de gestão da segurança do túnel. Este papel concretiza-se, nomeadamente, através do seu envolvimento nos estudos de conceção (incluindo análises do risco) e na definição dos princípios de operação, bem como na monitorização do quotidiano da exploração da obra (gestão de acontecimentos, realização de exercícios de segurança, implementação de processos de pós- avaliação, atualização regular dos documentos de exploração/operação, formação do pessoal, coordenação com as outras partes interessadas, etc.)
Em relação a este interveniente, o Relatório Técnico 2008R03 "Gestão da interação operador-equipas de emergência em túneis rodoviários " destaca os seguintes aspetos:
De uma forma geral, as lições retiradas dos exercícios e eventos reais demonstraram que o comportamento de todos aqueles que estão encarregados da operação do túnel é um fator decisivo para garantir a segurança das pessoas durante um incidente.
Um dos principais aspetos relativos a esta matéria é a reação apropriada do pessoal de operação responsável pela monitorização e controlo dos túneis. Trata-se dos primeiros atores a serem envolvidos na gestão de crise do túnel rodoviário e assumem, a este título e em nome do operador, responsabilidades consideráveis em termos da gestão diária do túnel. A sua tarefa é tanto mais difícil pelo facto de, a qualquer momento, lhes poder ser solicitado que procedam à gestão de eventos potencialmente perigosos mas cuja probabilidade de ocorrência é baixa. Para reagir de forma adequada, os operadores dos túneis devem ser capazes de compreender e controlar situações por vezes complexas, o que significa que devem dispor de boas competências a nível de gestão do stress. Uma formação específica e adequada é, consequentemente, fundamental. As regulamentações europeias exigem que o pessoal envolvido na operação de túneis receba uma "formação inicial e contínua adequada" (Diretiva Europeia 2004/54/CE - Anexo 1 § 3.1 "Meios operacionais").
Fig. 3.3-1: Exercício de segurança em túnel com bombeiros
As equipas de socorro suscetíveis de serem chamadas a intervir em túneis rodoviários necessitam obviamente de receber a formação geral necessária para prestar auxílio a pessoas e para combater incêndios em qualquer tipo de infraestrutura. Os túneis são espaços confinados em que uma crise ou um incêndio podem, muito rapidamente, tornar as condições da operação de salvamento muito mais complicadas. Para além das respetivas competências técnicas gerais, os bombeiros devem receber formação específica para este tipo de intervenção. Esta formação deverá desenvolver os seus conhecimentos comportamentais e permitir-lhes lidar adequadamente com as situações complexas com que podem ter de se confrontar num túnel. Este conhecimento é especialmente importante para o pessoal de supervisão, que deve ser capaz de executar e adaptar, se necessário e em todas as circunstâncias, os métodos de intervenção operacionais inicialmente previstos. Para cumprir esta missão, é determinante uma boa coordenação com o pessoal do operador do túnel, a qual requer um grande rigor na preparação, no acompanhamento e na implementação dos planos de intervenção, exercícios de segurança e formação baseada nos resultados de experiências anteriores.
No caso dos túneis transfronteiriços, é necessário chamar a atenção para a necessária colaboração entre os países envolvidos, de maneira a assegurar uma coordenação perfeita entre as equipas de socorro em situações de crise.
Fig. 3.3-2: Assistência aos utentes num abrigo
No que respeita às equipas de socorro, o Relatório Técnico 2008R03 "Gestão da interação operador-equipas de emergência em túneis rodoviários" :
Este parágrafo fornece recomendações gerais àqueles que pretendem dar uma atenção especial aos fatores humanos no âmbito da conceção de um túnel novo ou da renovação de um túnel existente. O objetivo deste parágrafo não consiste em listar as recomendações técnicas fundamentais, desenvolvidas nos relatórios da AIPCR/PIARC e relativas à inclusão dos fatores humanos no âmbito da segurança. Pretende, acima de tudo, listar as principais recomendações metodológicas a implementar quando se deseja dar uma atenção particular a estes aspetos.
Três pontos principais merecem ser destacados deste ponto de vista:
O primeiro ponto diz respeito, em particular, à conceção de novos túneis nos quais é fundamental intervir o mais a montante possível, durante os estudos. Isto deveria permitir refletir melhor sobre os principais fatores que condicionam o comportamento dos utentes em túneis rodoviários. Entre estes fatores principais, destacam-se os seguintes:
O segundo ponto refere-se à consideração do trabalho desenvolvido no campo da integração dos fatores humanos e organizacionais relacionados com a segurança, visando nomeadamente valorizar o conhecimento acumulado, até à data, no campo da segurança rodoviária em geral e da evacuação em situações de crise, em particular. A concretização deste ponto é feita por duas vias: através da incorporação dos ensinamentos gerais retirados dos trabalhos desenvolvidos neste campo (recomendações da AIPCR/PIARC, por exemplo) ou através do envolvimento no projeto de especialistas de ciências humanas (psicólogos, peritos). A oportunidade de envolver especialistas em ciências humanas merece ser equacionada tanto na conceção de túneis novos como na renovação de túneis existentes. Naturalmente, aplica-se apenas aos projetos mais importantes com questões específicas (túneis transfronteiriços e/ou particularmente longos, túneis de dimensões limitadas, etc.)
Neste campo, e como já foi feito no caso das infraestruturas ao ar livre, é requerida prudência antes da implementação de uma solução técnica que pareça satisfatória à primeira vista. Os ensinamentos retirados de acontecimentos reais ou dos numerosos exercícios efetuados em túneis, demonstram que, de facto, as escolhas técnicas feitas por engenheiros especializados em equipamentos e em segurança em túneis nem sempre são as mais adequadas do ponto de vista do comportamento do utente.
Independentemente da eventual implicação de especialistas em ciências humanas, é obviamente necessário ter o cuidado de assegurar uma consulta alargada a todos os intervenientes envolvidos. Os serviços de intervenção, em particular, devem estar estreitamente ligados à conceção do equipamento de segurança (deve ser dada atenção especial aos recursos destinados a auto evacuação dos utentes).
A terceira recomendação diz respeito aos testes e ensaios necessários para validar escolhas inovadoras, quando estas últimas se mostram desejáveis. Já muita coisa foi aprendida quanto à forma de tomar em consideração os comportamentos humanos nos túneis. Os projetistas são convidados a tomar estes aspetos em consideração ao finalizar o conjunto das medidas de segurança em túneis. Quando se verifica a necessidade de desenvolver meios inovadores, as fases de testes preliminares não devem ser negligenciadas (ensaios interiores, por exemplo), nem os testes no local. Será útil que estes testes sejam desenvolvidos com o apoio de peritos no domínio das ciências humanas. O seu objetivo será validar as medidas inovadoras propostas antes da implementação nos túneis.
Como conclusão e em geral, não podemos senão relembrar a necessidade de demonstrar muito pragmatismo e humildade neste campo. Um princípio básico consiste em, sempre que possível, preferir soluções simples e intuitivas em linha com a prática atual em vigor ao ar livre. Estes tipos de abordagem garantem que as medidas implementadas são passíveis de serem bem compreendidas e adotadas pelos utentes.
A operação e a manutenção são claramente questões importantes para um Comité da AIPCR/PIARC, de tal maneira que a sua designação foi alterada para Comité sobre “Exploração de Túneis Rodoviários”.
É possível dividir as atividades de operação e de manutenção em três categorias principais:
A segurança e o conforto dos utentes e dos operadores, tanto no caso de uma operação em condições normais, como no caso da ocorrência de um acidente, são sustentadas por um bom nível de operação eficiente e por um ambiente de cooperação entre os diferentes intervenientes que têm a seu cargo a gestão dos túneis e das situações de emergência.
Tendo em consideração o contexto europeu, a Directiva 2004/54/CE relativa aos "requisitos mínimos de segurança aplicáveis aos túneis da Rede Rodoviária Transeuropeia" estipula claramente que a segurança não se cinge às estruturas e ao equipamento. De facto, a Diretiva atribui um papel especial às atividades relacionadas com a Operação e a Manutenção.
InA operação e a gestão de um túnel rodoviário, para serem desempenhadas com sucesso e eficiência, implicam a definição das tarefas operacionais e da entidade responsável pelo respetivo cumprimento, de forma a garantir que todas as ações necessárias são tratadas de maneira consistente e segura (Secção Tarefas de exploração).
O nível de segurança oferecido aos utentes dos túneis depende, em grande medida, das caraterísticas específicas do túnel, mas também depende fortemente dos procedimentos operacionais e das pessoas responsáveis pelo túnel.
As pessoas responsáveis não têm de pertencer necessariamente à mesma organização: os intervenientes e os papéis podem ser bastante distintos. Por exemplo, a polícia de trânsito está geralmente encarregue do tráfego, mas por vezes a tarefa é desempenhada pela administração rodoviária, e, nalguns casos, várias tarefas são confiadas a uma empresa/operador privado. Além disso, a mesma tarefa (por exemplo, gestão do tráfego) pode ser desempenhada por várias entidades diferentes (operador, polícia, subempreiteiro). Neste caso, os papéis e as responsabilidades de cada um têm de ser especificados, bem como as recomendações orientadas para a melhoria do comportamento das pessoas envolvidas na operação dos túneis e o respetivo nível de cooperação (Secção Intervenientes na operação)
Em cada caso, é imprescindível que a organização da operação e a coordenação com todas as diversas entidades sejam definidas através de procedimentos e de protocolos escritos, simples e claros, redigidos de maneira a que sejam facilmente compreendidos por todas as partes e que sejam eficazes, mesmo sob pressão, em situações de emergência.
A organização da operação pode diferir muito de um túnel para outro, pelo que se torna difícil definir um quadro global comum. Contudo, é conveniente determinar, para cada túnel ou grupo de túneis, a organização mais adequada a ser adotada durante a operação em condições normais ou na ocorrência de uma situação de emergência (Secção Organização operações).
Além disso, é essencial para os operadores e para os serviços de socorro, estabelecer procedimentos de operação normalizados, bem como condições mínimas de operação e planos de emergência. Tal constitui, de facto, uma etapa chave no planeamento da resposta operacional a possíveis situações de emergência nos túneis, em que podem ser requeridas respostas específicas aos vários tipos de incidentes (Secção Instruções de operação).
A gestão e a operação diárias, bem como a manutenção de um túnel, envolvem custos operacionais e necessidades de financiamento elevados. Com efeito, os túneis figuram entre as estruturas da rede rodoviária que representam a maior fatia dos custos a nível da operação (em termos de energia, requisitos, pessoal e monitorização). A definição e otimização das diferentes componentes do custo num túnel e as recomendações apropriadas visando a correspondente redução foram analisadas pelo comité de túneis da AIPCR/PIARC. A utilização eficiente da energia e a redução progressiva do consumo energético devem ser consideradas, tendo como finalidade atingir-se uma operação sustentável da rede rodoviária (Secção Custos operacionais).
O objetivo final da exploração consiste, claramente, em garantir aos utentes um nível de serviço e de qualidade adequados. A consecução do objetivo depende, naturalmente, da natureza e do desempenho global das instalações e dos equipamentos. O desempenho do equipamento depende, frequentemente, da forma como os equipamentos são operados pelo pessoal do túnel, quer dizer, se são utilizados no momento oportuno e de forma adequada. Consequentemente, o pessoal designado para desempenhar tarefas operacionais, deve ser selecionado de forma apropriada aquando do seu recrutamento e receber uma formação adequada antes de dar início ao desempenho das suas tarefas e, de forma contínua, ao longo da sua vida profissional (Secção Recrutamento, formação).
O nível de segurança e a capacidade de um túnel em termos de tráfego são influenciados pelas alterações que afetam a rede rodoviária e a evolução do próprio tráfego. O operador do túnel pode, ocasionalmente, ter necessidade de efetuar modificações, menores ou maiores, ao sistema ou aos critérios de gestão para enfrentar estas alterações. Torna-se, desta forma, necessário monitorizar as alterações e os acidentes com base na informação e na experiência de exploração/operação, de maneira a melhorar contínua e sistematicamente, a gestão e a operação de um túnel.
O operador precisa de receber retorno da experiência de operação, que utilizará para fazer as suas escolhas no âmbito de uma estratégia de melhorias (Secção Avaliação da operação).
Os elementos estruturais e o equipamento técnico necessitam de manutenção regular, cujo objetivo consiste em assegurar ao público condições para uma condução segura, mantendo o nível de segurança inicial projetado para o túnel (Secção Manutenção do equipamento). As recomendações gerais relativas à manutenção dos túneis devem ser definidas, tendo em consideração os seus elementos específicos e os seus equipamentos.
Quando o equipamento do túnel deixa de satisfazer as necessidades do operador, os requisitos a nível da legislação ou quando ocorre uma alteração da natureza ou do nível do tráfego, pode tornar-se necessário proceder à melhoria ou à renovação do túnel. No caso da renovação de um túnel existente as recomendações definidas dizem, essencialmente, respeito às medidas para facilitar a gestão da rede de tráfego, a fiabilidade e a durabilidade do equipamento e os custos ao longo do ciclo de vida (Secção Operação durante manutenção e renovação).
O presente capítulo 4 diz respeito, essencialmente, a túneis de média a longa extensão, com volumes de tráfego médios ou elevados, cuja localização possibilita intervenções externas de emergência céleres. Estes túneis são explorados através de uma organização específica, exclusiva a um túnel ou a um grupo de túneis, que integram a mesma rede rodoviária.
A Secção Túneis muito curtos refere-se às condições específicas respeitantes a túneis muito curtos ou com pouco tráfego ou a túneis dispersos situados em zonas com densidades populacionais baixas e que não respondem aos critérios apresentados nos pontos anteriores.
Este Capítulo foi redigido pelo Grupo de Trabalho 1 do comité C4 (2008-2011), em que:
Em termos gerais os túneis são considerados como partes da rede rodoviária capazes de assegurar um nível de segurança adequado ou até mais elevado que numa rede ao ar livre. Não obstante, as consequências potenciais de incidentes específicos (avaria, acidente ou incêndio) podem ser, de longe, mais graves em túneis do que na rede ao ar livre. Além disso, uma vez que os túneis são, frequentemente, pontos obrigatórios de passagem, qualquer encerramento total ou parcial pode conduzir a grandes perturbações do tráfego ou obrigar os utentes a percorrer longas distâncias em percursos alternativos.
Por estas razões, os operadores e as autoridades rodoviárias têm o dever de assegurar a continuidade operacional e a segurança dos túneis rodoviários. Consequentemente, devem garantir aos utentes que atravessam o túnel um nível de qualidade do serviço e de segurança em completa conformidade com as exigências regulamentares em vigor.
De acordo com as regulamentações nacionais, a gestão do tráfego nos túneis (e na estrada em que o túnel se situa) está cometida aos operadores e à polícia de trânsito, os quais, em concreto, devem responder pela segurança dos utentes dentro do túnel e das pessoas que trabalham no interior do túnel (pessoal da exploração, subempreiteiros, etc.). Em vários países, a polícia de trânsito está encarregue, em termos globais, da gestão e da supervisão do tráfego, ao passo que o operador está encarregue de tarefas operacionais, como sejam a manutenção, a operação do equipamento do túnel, a supervisão do tráfego e a assistência aos utentes.
Em termos gerais, as tarefas típicas dos operadores consistem em:
The Relatório técnico 05.13.B "Boas Práticas na Operação e Manutenção de Túneis Rodoviários" deals with this subject in parts 2 and 4.
A gestão do processo de transporte rodoviário é uma tarefa muito complexa. Torna-se ainda mais complexa se se considerar o transporte rodoviário em ambiente de túnel. Parte da complexidade deve-se ao facto de que as capacidades e as competências exigidas para a gestão dos túneis estão dispersas por vários serviços. Neste âmbito, a cooperação entre os diferentes intervenientes é, claramente, um pré-requisito essencial a uma colaboração equitativa e eficaz, com vista a uma boa gestão de tráfego e dos incidentes. A coordenação é, normalmente, levada a cabo sob a alçada de autoridades locais ou centrais, que orientam o processo e que se baseiam sobre os resultados de trabalhos que foram aprovados pelo conjunto dos intervenientes.
Os principais intervenientes que devem cooperar neste contexto são:
O Relatório Técnico 2007R04 "Guia para a organização, recrutamento e formação de pessoal da operação de túneis rodoviários " define as tarefas organizacionais de forma mais detalhada.
As tarefas de operação (operação, manutenção, etc.) podem ser consideradas semelhantes num vasto conjunto de túneis, mesmo que a organização interna das entidades responsáveis varie de país para país e que as tarefas possam ser desenvolvidas pelo operador ou por outras entidades. Nalguns casos, o pessoal necessário é gerido por uma única organização. Noutros casos, as tarefas de operação podem ser partilhadas por várias organizações públicas e privadas. O dono do túnel ou a administração rodoviária podem, por exemplo, confiar a totalidade da construção e da operação do túnel e/ou tarefas operacionais específicas (por exemplo, as tarefas de manutenção podem ser entregues a subempreiteiros) a organizações públicas ou privadas diferentes.
As medidas planeadas para a gestão de incidentes podem diferir, consoante as regulamentações nacionais e os requisitos locais específicos a cada túnel. Em consequência, a organização do operador e da polícia de trânsito podem ser diferentes, dependendo do contexto local.
Embora o contexto varie em grande medida de um país para outro, regra geral, a estrutura da operação está organizada em três grupos principais:
Nalguns casos, os serviços de intervenção de emergência fazem parte do pessoal da operação).
O capítulo 4, "Pessoal operacional: tarefas e instalações" do Relatório Técnico 2007R04 refere detalhadamente a organização da operação.
Cada operador de túnel elabora e atualiza procedimentos escritos (por vezes chamados de "instruções de operação") que definem os objetivos e os critérios das ações a desenvolver pelos diferentes serviços internos, que podem afetar o túnel ou a estrada. Todos os tipos de eventos ligados à operação têm de ser tidos em consideração no âmbito dos procedimentos, incluindo acidentes correntes, acidentes graves e emergências. As “instruções de operação” contêm as ações básicas a desenvolver de acordo com os procedimentos correspondentes e as restrições existentes.
O pessoal do operador também necessita de dispor de um plano de emergência quer para as intervenções após um acidente rodoviário quer para a avaria técnica do equipamento no túnel. Este plano, geralmente, satisfaz os requisitos da regulamentação e inclui procedimentos operacionais e instruções envolvendo, pelo menos, os operadores do túnel e o pessoal de intervenção no caso de incidente ou avaria técnica. Os procedimentos de intervenção de emergência devem ser coordenados com os procedimentos aplicados pelos serviços de emergência e de socorro. O conteúdo detalhado deste plano poderá ser definido por instruções nacionais ou diretivas específicas a cada país e precisa de ser ajustado ao contexto técnico e organizacional do túnel.
O capítulo 4 "Pessoal da operação: tarefas e instalações" do Relatório Técnico 2007R04 define pormenorizadamente a organização da operação.
A experiência demonstra que o custo unitário de um túnel apresenta um valor superior ao custo unitário da mesma estrada no exterior. No caso de uma estrutura subterrânea, podem existir vários equipamentos que são acionados para garantir uma operação segura em condições normais de operação ou para permitir a proteção e a evacuação dos utentes e a intervenção de serviços de socorro em caso de incidente, acidente ou incêndio. Estas medidas não só representam custos de investimento consideráveis, como também se traduzem em custos de operação e de manutenção particularmente elevados. Dessa maneira, o papel do operador consiste em garantir a continuidade e a segurança da operação, num contexto de custos controlados.
Em qualquer caso, pode não ser viável atingir a otimização dos custos operacionais mesmo com uma operação do túnel de grande qualidade, se a conceção e a construção do túnel tiverem sido mal concebidas ou mal conduzidas. Consequentemente, os custos operacionais têm de constituir uma preocupação fundamental durante as diferentes fases do projeto e da execução dos trabalhos, dado que a solução tem de ser encontrada muito antes de se tornar um problema durante a fase operacional.
A atividade de exploração deve ser ajustada de forma a assegurar que a vida útil expectável do equipamento não diminua. A vida útil dos equipamentos em túneis é, normalmente, mais curta do que noutros ambientes, dado que a atmosfera nos túneis é particularmente corrosiva.
O Relatório Técnico 05.06.B "Túneis rodoviários: redução dos Custos Operacionais é inteiramente dedicado aos custos operacionais e, especialmente, à redução dos mesmos.
As tarefas confiadas ao pessoal encarregue da operação são muito importantes do ponto de vista da segurança e da eficiência da operação. Além disso, o próprio contexto é objeto de evolução, dado que os problemas operacionais ganham importância em relação aos problemas estritamente técnicos e os sistemas operativos são em maior número e cada vez mais complexos.
Neste sentido, é necessário que o pessoal encarregue da operação satisfaça os seguintes requisitos:
Durante as fases de recrutamento, as qualificações exigidas aos futuros operadores devem ser definidas em consonância com a natureza das tarefas operacionais. Deve ter-se presente que, mesmo que as tarefas sejam similares em todos os países, as pessoas responsáveis pela sua execução não pertencem, necessariamente, ao mesmo tipo de organização em cada país. Não obstante, as competências e as aptidões requeridas devem ser similares.
As duas questões seguintes devem ser consideradas no âmbito da conceção da formação do pessoal (inicial e contínua):
Se não existir regulamentação nacional sobre o conteúdo da formação, o operador tem de adaptar o programa de formação às caraterísticas e aos requisitos específicos dos túneis.
O Relatório Técnico 2007R04 "Guia para a organização, recrutamento e formação de pessoal encarregue da operação de túneis rodoviários" define detalhadamente o recrutamento e formação do pessoal nos capítulos 7 "Recrutamento do pessoal encarregue da operação" and 8 "Formação do pessoal encarregue da operação" .
O operador necessita de testar regularmente a eficiência do seu pessoal e os procedimentos que definiu. Deste modo, o operador tem de se assegurar que o seu pessoal está familiarizado com os diferentes equipamentos instalados no túnel e que pode, consequentemente, detetar quaisquer eventuais deficiências na execução de tarefas específicas.
Para além dos exercícios internos, o operador e os serviços de emergência precisam de organizar treinos conjuntos de socorro, com a participação da polícia de trânsito, do operador, dos serviços médicos, dos bombeiros e dos serviços de socorro. Os resultados de cada treino devem ser alvo de uma análise. Se a análise efetuada aos resultados do treino revelar lacunas, deve proceder-se à revisão das estratégias de intervenção.
Um novo Relatório Técnico sobre "Boas práticas em exercícios de emergência em túneis rodoviários" estará em breve disponível na Biblioteca Virtual da AIPCR/PIARC
A recolha de dados relativa a incidentes e a acidentes e a respetiva análise são essenciais para a avaliação dos critérios de operação e para a avaliação dos riscos do túnel. Tudo isto é importante tendo em vista a melhoria contínua da segurança do túnel. Os dados recolhidos permitem, em particular, a avaliação da frequência dos acontecimentos que os desencadeiam. Os dados permitem, também, examinar as consequências dos eventos e a eficácia das medidas e dos equipamentos de segurança. Fornecem, também, informação adicional sobre o comportamento real dos utentes do túnel.
A recolha e a análise de dados relativos a incidentes e acidentes deverão permitir que os seguintes objetivos sejam alcançados:
Por fim, os dados recolhidos proporcionam informação útil (estatísticas nacionais segundo o tipo de túnel) para a análise dos riscos relativos a túneis em fase de projeto ou túneis em operação que ainda não possuem uma base de dados adequada.
As lições extraídas da operação, em particular durante incidentes e acidentes, devem ser objeto de análise. De facto, se os resultados destas análises revelarem deficiências, as estratégias de intervenção e/ou as instruções de operação devem ser revistas e melhoradas.
O Relatório Técnico 2009R08 "Ferramentas para a gestão da segurança em túneis rodoviários" define, detalhadamente, no capítulo 3 "Recolha e análise de dados de incidentes em túneis rodoviários" as condições de análise de dados de incidentes e/ou acidentes.
Ao longo da vida do túnel, o operador deve proceder à manutenção das obras de engenharia civil e dos equipamentos do túnel. A manutenção das estruturas de engenharia civil não é descrita neste parágrafo.
As operações de manutenção dos equipamentos podem ser subdivididas em dois grupos:
Recomenda-se a utilização da manutenção preventiva quando possível e no caso dos sistemas que não são redundantes e que estejam relacionados com a segurança. A manutenção preventiva permite o planeamento conjunto das diferentes tarefas de manutenção na ocorrência de encerramento ao tráfego do túnel. Além disso, contribui para manter o equipamento em boas condições de operação. Contudo, deve ter-se presente que, mesmo que a manutenção preventiva seja realizada de forma adequada, o operador não poderá evitar intervenções corretivas.
Habitualmente o pessoal do operador não realiza todas as tarefas de manutenção; o operador recorre geralmente a empreiteiros, e dispõe de várias opções:
O Relatório Técnico 05.06.B no capítulo 7 "Custo da manutenção", o Relatório Técnico 05.13.B no capítulo 4 "Manutenção e operação" e o Relatório Técnico 2007R04 no capítulo 6 "Organização do pessoal operacional", fornecem informação mais pormenorizada sobre o tema da manutenção.
As tarefas de manutenção de equipamentos similares não diferem muito de um túnel para outro. Contudo, alguns túneis apresentam elementos específicos (tráfego denso e ininterrupto, percurso alternativo extenso, etc.) que dificultam o encerramento total do túnel ou mesmo parcial. Neste caso, o operador pode ter de manter a exploração, ainda que a um nível mais reduzido, ao mesmo tempo que as intervenções de manutenção são realizadas. Isto é possível apenas através da implementação de medidas especiais que tenham em consideração, não apenas a segurança oferecida ao utente, mas também a segurança do pessoal encarregue da manutenção.
O Relatório Técnico 2008R15 no capítulo 2 "Operação de túneis rodoviários urbanos existentes"
define as condições para o desenvolvimento da manutenção quando o túnel se encontra em operação.
Durante a renovação do equipamento de um túnel que não possa ser encerrado facilmente é provável encontrar as mesmas dificuldades referidas acima. Em relação às intervenções de manutenção, este tipo de trabalho pode requerer várias semanas ou mesmo vários meses até ser finalizado. Consequentemente, têm de ser planeadas medidas mais elaboradas (e frequentemente mais dispendiosas).
O Relatório Técnico 05.13.B discute aspetos relativos à renovação no capítulo 6 "Renovação de túneis" .
As recomendações apresentadas nas secções 4.1 a 4.9 acima nem sempre são passíveis de adaptação (sendo por vezes mesmo difíceis de implementar) a túneis muito curtos ou com níveis de tráfego reduzidos, ou a túneis dispersos situados em zonas de baixa densidade populacional.
Para estes túneis em concreto, recomenda-se o desenvolvimento, para cada túnel (ou grupo de túneis localizados na mesma rede rodoviária), de uma análise específica detalhada, considerando:
Esta análise possibilitará, então, a organização e implementação da operação mais adequada às condições específicas destes túneis.
Os projetistas rodoviários consideram, cada vez mais, os túneis como uma boa alternativa, tendo em atenção a capacidade destes para reduzir alguns inconvenientes tais como o impacto visual das infraestruturas e a poluição sonora. Contudo, alguns impactos permanecem ou chegam mesmo a aumentar com tal escolha. Apesar das políticas desenvolvidas para controlar ou mesmo para reduzir a circulação rodoviária, antecipa-se que o tráfego irá aumentar nas próximas décadas, pelo que os aspetos ambientais associados ao tráfego rodoviário devem ser tidos em consideração.
O comité de túneis da AIPCR/PIARC estudou específica e aprofundadamente os fenómenos de poluição atmosférica, tendo em consideração:
De facto, quando se toma em consideração a poluição atmosférica, as escolhas relativas ao tipo de sistema de ventilação permitem determinar a localização e os débitos das extrações; muitas vezes uma escolha apropriada do regime de exploração e de valores para a qualidade do ar pode ser mais eficaz para se atingirem as metas para a concentração local de poluentes, do que selecionar sistemas de ventilação mais complexos.
O tráfego rodoviário e as consequentes emissões dos veículos constituem uma preocupação ambiental séria principalmente em espaços confinados, como é o caso dos túneis. Estas emissões caraterizam-se pela presença de poluentes variados, os quais, em concentrações elevadas, podem ter efeitos e consequências adversos. O comité de túneis da AIPCR/PIARC avalia, tradicionalmente, as emissões causadas pelos veículos e a qualidade do ar dentro dos túneis. Com este fim, o comité procede à revisão dos modelos teóricos atuais, à definição de normas de qualidade do ar relevantes e à caraterização das condições existentes. As concentrações de poluentes obtidas pela medição e pela simulação são comparadas com as normas de qualidade do ar. Por fim, são propostas medidas de mitigação tendo em vista assegurar a correta gestão da qualidade do ar dentro do túnel (Secção Ventilação).
As emissões do túnel afetam a qualidade do ar numa distância relativamente curta a partir dos pontos em que as emissões são dispersas; no entanto, a rede rodoviária adjacente influencia o ambiente numa área mais extensa. Em consequência, as implicações dos túneis sobre a qualidade do ar devem ser estudadas no contexto da rede rodoviária de que fazem parte ( Secção Impacto dos túneis na qualidade do ar exterior)
Ruído e vibração constituem outros problemas ambientais importantes. A poluição sonora pode surgir durante a fase de construção causando riscos ambientais, dado que um elevado nível de ruído é gerado frequentemente nessa fase. Além disso, volumes elevados de tráfego durante a operação normal podem gerar níveis elevados de ruído, os quais podem ultrapassar os níveis permitidos. A poluição sonora ligada a vias rodoviárias com grande circulação tem tendência a constituir um problema de importância crescente.
As estratégias para redução do ruído nos processos de planeamento e construção seguem procedimentos há muito estabelecidos. A redução do ruído na fonte tem sido objeto de grandes progressos: como a utilização de pavimentos absorventes; o isolamento sonoro e as barreiras acústicas são cada vez mais eficientes; a utilização combinada destes elementos e o emprego de equipamentos de construção melhorados podem minimizar a geração de ruído e de vibração (Secção Ruído e vibração).
O impacto sobre a água é outro aspeto que tem de ser analisado ao longo do ciclo de vida de uma infraestrutura como um túnel. Deve ser levado a cabo um estudo detalhado da hidrologia de superfície e subterrânea, antes e durante a construção. O traçado e os elementos estruturais menos prejudiciais devem ser escolhidos, de forma a minimizarem-se as interrupções e as alterações dos padrões e processos hidrológicos. A drenagem de água dos maciços provocada pelas técnicas de construção de infraestruturas é um tema cada vez mais importante. Podem ser desenvolvidos vários estudos com o propósito de analisar os efeitos da infraestrutura sobre a hidrologia nos terrenos circundantes do túnel e de como mitigar esses efeitos. A poluição das águas causada por fugas de materiais de construção em estaleiros pode ser reduzida através da utilização de contentores concebidos de forma a impedir tais fugas (Secção Impacto sobre a água).
O objetivo final dos projetistas e gestores dos túneis é alcançar um formato de operação sustentável, tanto do ponto de vista funcional como ambiental, de forma a oferecer um nível de segurança razoável e reduzir, na medida do possível, quaisquer impactos negativos sobre o ambiente. São considerados e analisados diferentes elementos com vista a melhorar a sustentabilidade operacional dos túneis (Secção Operação sustentável).
Este Capítulo foi redigido pelo Grupo de Trabalho 4 do Comité C4 (2008-2011), em que:
No domínio dos túneis rodoviários, a qualidade do ar é tradicionalmente considerada em termos da concentração de gases de escape que os veículos libertam dentro do túnel. Contudo, as concentrações de poluentes fora de um túnel podem ser nocivas ou criar desconforto às pessoas residentes nas proximidades. Logo que nos afastamos do portal ou do poço de extração tais concentrações de poluentes diminuem rapidamente para o ambiente circundante, de acordo com mecanismos complexos tais como a velocidade e a direção do vento e a topografia dos terrenos vizinhos. Por conseguinte, considera-se que, quando a intensidade de tráfego aumenta e quando os túneis são construídos em ambiente urbano, deve ser estudada a qualidade do ar na proximidade dos portais do túnel e em outros pontos de extração.
É expectável que a qualidade de ar, à superfície, por cima de um túnel, seja melhor do que seria num lanço rodoviário, ao ar livre, com a mesma localização. Contudo, o ar poluído produzido no seu interior é libertado nos portais e nos poços de extração, quando uma corrente longitudinal ou transversal é gerada pelo efeito de pistão e/ou pelos sistemas de ventilação. Dependendo das concentrações de fundo e de outras fontes situadas na proximidade do portal ou do poço de extração de um túnel, os níveis de concentração dos poluentes na vizinhança desses pontos podem exceder os níveis máximos definidos pelas autoridades. Nesse caso têm de ser tomadas medidas para melhorar a qualidade do ar na proximidade do túnel. Estas medidas podem consistir em trabalhos de engenharia civil ou mecânica, ordenamento do território nas imediações do túnel, etc. Muitas vezes é possível reduzir as concentrações de poluentes com base em medidas de exploração tais como alterações no regime de ventilação.
A AIPCR/PIARC publicou o Relatório Técnico 2008 R04 "Túneis Rodoviários: Um Guia para a Otimização do Impacto da Qualidade do Ar no Ambiente" que se concentra sobre os problemas da qualidade do ar no exterior devida aos túneis e que é um guia para melhorar o ambiente urbano através da alteração das emissões dos veículos e da modificação da sua distribuição espacial nas imediações do túnel. O guia inclui um conjunto alargado de opções de conceção e operação com vista a minimizar o impacto dos túneis no ar exterior: desde a seleção da localização ótima para a implantação do túnel, aos gradientes, tipo de ventilação, gestão da descarga do ar, gestão do tráfego, manutenção do túnel e, por fim (se útil e necessário) técnicas de remoção dos contaminantes.
O ruído é considerado, geralmente, como um dos principais agentes nocivos percetíveis pelos humanos e pode afetar significativamente as zonas urbanas. Por conseguinte, deve ser tido em atenção na conceção dos túneis, especialmente dos túneis urbanos, que têm uma elevada concentração de pessoas na proximidade imediata dos portais ou dos poços de extração.
O ruído gerado pelo tráfego não é exclusivo dos túneis. As infraestruturas subterrâneas são, geralmente, vistas como tendo uma influência positiva sobre o ambiente acústico mas, nalgumas configurações, podem ocorrer problemas específicos perto dos portais. Na maioria dos países desenvolvidos são realizados estudos de ruído para cada projeto de infraestrutura novo (ou projeto de alteração significativa) e a existência de túneis é tida em consideração nessa fase.
A principal fonte de ruído com impacto sobre o ambiente circundante aos túneis é o tráfego. Parte do ruído dos veículos que circulam dentro dos túneis é refletido pelo revestimento do túnel e alcança o portal, que se torna ele próprio uma fonte de ruído. Em determinadas condições, o nível de ruído perto do portal de um túnel pode ser mais elevado do que seria ao ar livre. Contudo, este tipo de efeito é apenas relevante para os recetores acústicos na vizinhança imediata do portal do túnel: à medida que nos afastamos do portal, os níveis de ruído diminuem rapidamente, dado que o ruído proveniente do túnel é atenuado pelo efeito dominante do ruído gerado pelos veículos nos lanços a céu aberto.
Existem, também, outras fontes de ruído associadas à própria infraestrutura do túnel, das quais a principal é o sistema de ventilação. No caso da ventilação transversal, ou da ventilação longitudinal com poços de extração, os ventiladores e a canalização de ar através de admissões ou de bocas de saída podem gerar um ruído significativo e, nalguns casos, têm de funcionar mesmo durante o período noturno quando as normas de ruído ambiental são definidas para níveis mais baixos. Uma solução pode consistir em reduzir a utilização do sistema de ventilação otimizando o seu controlo, mas isto pode apenas ser realizado até um determinado ponto.
A solução mais eficaz consiste em considerar estes problemas na fase de conceção. Considerando que os efeitos mais importantes do ruído estão geograficamente limitados, convém que as admissões/bocas de saída sejam localizadas o mais longe possível dos edifícios vizinhos, o que pode provocar um aumento significativo dos custos. Para reduzir o ruído gerado, a velocidade do ar deve ser mantida em níveis relativamente baixos nas admissões/bocas de saída, garantindo que estas aberturas são suficientemente grandes. Além disso, são frequentemente necessários atenuadores acústicos para evitar que o ruído gerado pelos ventiladores “escape” para fora da central de ventilação.
No caso da ventilação longitudinal, o ruído causado pelos ventiladores no ambiente é geralmente moderado, uma vez que, por um lado, os ventiladores de impulso não devem situar-se muito perto dos portais por questões de eficiência (consequentemente, o ruído dos ventiladores é “diluído” no ruído do tráfego) e, por outro lado, os ventiladores são geralmente equipados com atenuadores acústicos para manter um nível de ruído aceitável no interior do túnel. Contudo, para configurações particularmente sensíveis, pode ser necessário selecionar conceções ou medidas operacionais específicas.
A vibração produzida pelo tráfego raramente representa um problema significativo na fase de operação de um túnel rodoviário (ao contrário dos túneis ferroviários, uma vez que os comboios produzem muito mais vibração do que os veículos rodoviários). Se tal problema ocorrer, geralmente pouco pode ser feito para além de proibir o acesso aos veículos mais pesados. Os ventiladores constituem outra fonte de vibração. Devem ser cuidadosamente equilibrados de forma a evitar uma vibração excessiva. Contudo, a vibração dos ventiladores não é, geralmente, percetível no ambiente; afeta, em primeira instância, a máquina em si e pode comprometer a respetiva longevidade. Pode, também, tornar-se um problema de segurança, dado que os ventiladores de impulso, por exemplo, podem perder partes ou mesmo cair do teto do túnel devido a vibrações excessivas. A monitorização da vibração é crucial para a fiabilidade e segurança dos ventiladores de impulso.
A vibração é muito mais problemática durante a fase de construção, especialmente quando se recorre a explosivos. A construção de túneis e as medidas ambientais associadas estão fora do âmbito do comité sobre operação de túneis rodoviários da AIPCR/PIARC; a ITA/AITES publicou recomendações específicas sobre esta matéria.
O impacto da infraestrutura rodoviária sobre a qualidade da água pode ser muito significativo, tanto em condições de operação normais (fuga de hidrocarbonetos, material de desgaste dos pneus, etc.) como em situações acidentais (derrame de grandes quantidades de poluentes).
A existência de um túnel não modifica muito o problema. Tal como em qualquer estrada, mantem-se a necessidade de se proceder ao tratamento da água (decantação, remoção de poluentes) antes da sua libertação no meio ambiente. Contudo, devem ter-se em consideração alguns elementos específicos dos túneis quando se procede à conceção dos sistemas de gestão da água. Em primeiro lugar, os túneis têm de ser limpos numa base regular, mesmo mensal no caso de túneis urbanos com muito tráfego. Esta situação gera o desperdício de grandes quantidades de água contendo produtos de limpeza. Em segundo lugar, os túneis em que é permitido o transporte de mercadorias perigosas estão geralmente equipados com caleiras específicas, de forma a limitar o derrame de líquidos inflamáveis no pavimento. Se ocorrer um derrame acidental, o caudal de líquido poluente nestas caleiras pode ser superior ao que se observa na superfície do pavimento normal, e o sistema de gestão da água deve ser capaz de lidar com estes caudais.
Durante a fase de construção, podem ocorrer situações muito difíceis relacionadas com a água em ambientes sensíveis, por exemplo, as relativas à turvação dos efluentes no estaleiro. Devem ser tomadas as medidas adequadas. Nalguns casos, estas medidas representam restrições e sobrecustos significativos para os trabalhos de construção. A construção de túneis e os aspetos associados saem fora do âmbito do comité da AIPCR/PIARC dedicado à exploração de túneis rodoviários. Para mais detalhes aconselha-se, por conseguinte, a consulta das recomendações da ITA/AITES.
Fig. 5.3.1 : Infiltração de água num túnel revestido com aduelas
A maior parte dos impactos dos túneis sobre a água (e da água sobre os túneis) ocorre durante a sua construção, mas alguns impactos permanecem durante muito tempo e podem criar obstáculos à operação e à manutenção dos túneis. Deve ser dada especial atenção a estes processos durante as fases de planeamento e de conceção, de forma a evitar consequências adversas e dispendiosas. Deve ser levado a cabo um estudo detalhado da hidrologia de superfície e subterrânea, antes e durante a construção. Devem ser escolhidos o traçado e os elementos estruturais menos prejudiciais de forma a minimizarem-se interrupções e alterações dos padrões e processos hidrológicos.
Do ponto de vista teórico, os túneis podem ser: impermeáveis (não permitindo a infiltração de água e desenvolvendo-se toda a pressão da água sobre o revestimento) e permeáveis ou semi permeáveis (permitindo alguma infiltração de água e evitando o desenvolvimento de toda a pressão da água sobre o revestimento). Na prática, a maioria dos túneis é permeável durante a construção e semi permeável durante a fase de operação. A Fig. 5.3.1 mostra a infiltração de água num túnel revestido com aduelas e concebido para ser impermeável.
Fig. 5.3.2 : Ressurgência de água através de uma camada basáltica permeável
Em túneis não revestidos (ou com revestimento permeável) as ressurgências de água podem ser importantes. A Fig. 5.3.2 mostra a ressurgência da água através de uma camada basáltica permeável, no Canadá.
O rebaixamento dos níveis freáticos causado pelas técnicas de construção das infraestruturas é um assunto cada vez mais importante. Em geral, o efeito perdura durante a operação do túnel e os níveis freáticos originais baixam, verificando-se um impacto irreversível a nível das captações de água.
Fig. 5.3.3 : Escoamento da água de drenagem e precipitado de hidróxido de cálcio num túnel com revestimento de betão Fig. 5.3.4 : Efeito similar em hidróxido de cálcio num túnel com revestimento de betão e Fig. 5.3.4 : Efeito similar emjunta de construção
A água que se infiltra num túnel pode dissolver o hidróxido de cálcio do betão do revestimento, tornando-se mais alcalina, e depositá-lo nas superfícies dos sistemas de drenagem. Este efeito é mais frequente em túneis antigos, com sistemas de drenagem ultrapassados. A Fig. 5.3.3 mostra o escoamento da água de drenagem e o precipitado de hidróxido de cálcio num túnel revestido de betão. A Fig. 5.3.4 mostra um efeito similar numa junta de construção.
A tendência internacional atual consiste em exigir aos operadores e às autoridades rodoviárias a promoção de uma utilização eficiente da energia e a adoção de métodos sustentáveis de construção e de operação de estradas públicas.
Ao longo da sua história, a AIPCR/PIARC publicou diversos relatórios com o objetivo de aumentar a eficiência da operação nos túneis, a redução dos custos operacionais e a minimização dos impactos ambientais.
A "operação sustentável de túneis", como um todo, será um dos temas de trabalho do próximo ciclo da AIPCR/PIARC (2012-2015).